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Este não é um post sobre homossexuais

por João Moreira Pinto, em 26.01.09

Qualquer profissional de saúde que se voluntarie como dador na delegação do Hospital de Santo António do Instituto Português de Sangue (IPS) será reprovado à entrada. Apesar de não estar provada a existência de mais casos de infecção por VIH, VHB ou VHC do que na população em geral, os profissionais de saúde têm maior número de contactos de risco. Mesmo afirmando a pés juntos que não houve situação alguma durante os últimos 4 meses que pudesse representar um risco acrescido de infecção pelos vírus atrás referidos, os técnicos do IPS excluem, à partida, qualquer membro desta população. Membros estes que se presume estarem mais informados sobre os comportamentos de risco que os restantes membros da sociedade.

 

Talvez o IPS tenha sangue suficiente para dispensar o eventual risco, talvez o IPS tenha estudos a concluir que o custo de rastrear os profissionais de saúde não compensa a quantidade de sangue saudável recolhido, talvez o IPS queira poupar o aborrecimento a alguns tipos de dadores, talvez a opção clínica varie ao longo do tempo, consoante a delegação e o sangue que tem em stock, talvez seja simplesmente uma decisão obtusa. Podemos discutir estas e outras decisões clínicas na saúde, mas votá-las na Assembleia da República é estúpido.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Hotboot a 26.01.2009 às 10:36

Sou médico de um Serviço de Imunohemoterapia hospitalar que faz recolha de Sangue. Como refere, a politica do HGSA (desconhecia que funcionava como "delegação do IPS", pensava que era o próprio Serviço a realizar as colheitas, mas como os Serviços hospitalares estão a passar tudo para o IPS...) não faz sentido, nem é faz parte das recomendações europeias (conselho da Europa) nem pelos critérios emitidos pelo IPS (algo desactualizados já que não forma revistos nos últimos anos), nem no Decreto-Lei nº 267/2007 de 24-07-2007 da Assembleia da Républica que regulamento os serviços de medicina transfusional e de sangue, que como anexo apresenta um resumo dos critérios para selecção de dadores.
A minha recomendação... cerifique-se que é a razão que evoca aquela pela qual não foi aceite (exclusivamente de ser trabalhador na área de saúde e sem exposição de risco nos últimos 6 meses, ex. picada com sangue/liquido corporal de doente ou com ferida, descontinuidade da pele ou com mucosa/conjuntiva) caso afirmativo expor a situação do responsável pelos dadores do IPS e/ou do Serviço de Imunohemoterapia do HGSA. Quando à pergunta se "custo de rastrear os profissionais de saúde não compensa" todos os dadores são rasteados da mesma forma sempre que realizem uma dádiva usando técnicas altamente sensiveis (nomeadamente os TAN).
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De João Moreira Pinto a 26.01.2009 às 11:11

Obrigado pelo contributo 'de dentro'.
Sim verifiquei antes de escrever o post. No Santo António não aceitam sangue de prestadores de cuidados de saúdo, inclusivamente alunos de Medicina do ciclo clínico. A razão que me deram era que não estão tão necessitados de sangue, sem mais. Sei que o mesmo não se verifica noutras instituições e que aceitam sangue de prestadores de cuidados de saúde.
Obrigado pelo decreto-lei que não conseguia encontrar. De qualquer forma parece-me abusivo que se legisle sobre opções clínicas que, como é o caso, se têm de adaptar a cada momento às necessidade locais de cada centro.
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De Ana Matos Pires a 26.01.2009 às 11:57

João, A questão é que há normas internacionais, às quais Portugal aderiu, que não estão a ser cumpridas. Agora estou sem tempo, quanto puder deixo o link para a informação, inté.
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De Ana Matos Pires a 27.01.2009 às 02:30

Directiva Europeia sobre normas de doação de sangue, de 2004, que vincula automaticamente os Estados-membros:

http://europa.eu.int/eur-lex/pri/en/oj/dat/2004/l_091/l_09120040330en00250039.pdf

Destaco o ponto mais relevante para a actual discussão:

"Permanent deferral criteria for donnors of allogeneic donations
(…)
Sexual behaviour: Persons whose sexual behaviour puts them at high risk of acquiring severe
infectious diseases that can be transmitted by blood"

Como se comprova, não há referência a contactos homossexuais num documento europeu ao qual Portugal se vinculou.

Já agora como se explica a ausência deste tipo de restrição - homens que fazem sexo com homens - nos candidatos a dadores de medula óssea?

Por último, João, há questões que assumem, consoante o prisma com que estão a ser abordadas, características técnicas, sociais, políticas e outras, e que justificam, portanto, legislação própria e discussão em sede de plenário da AR.
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De David Ferreira a 27.01.2009 às 08:55

Lamento mas mais má informação. A Dr.ª já participou em reuniões internacionais de medicina transfusional? Já valou com médicos da Alemanha, Suiça, Inglaterra, Espanha que trabalham em Medicina transfusional? Eu já, e posso assegurar que as razões de suspensão são EXACTAMENTE as mesmas no que refere a comportamentos sexuais (variando apenas o período de suspensão ou eventual eliminação),
Se considerar a SIDA uma "severe infectious diseases" e se for ler o relatório do OMS sobre a epidemiologia do HIV
http://data.unaids.org/pub/GlobalReport/2008/JC1511_GR08_ExecutiveSummary_en.pd
facilmente verá que
"In virtually all regions outside of sub-Saharan Africa, HIV disproportionately affects injecting drug users, men who have sex with men, and sex workers". Assim TODOS estes comportamentos deverão ser alvo de suspensão durante um possível período pré-determinado (devido a metodologias laboratoriais e estudos deferente, variam de país para país).
Quanto aos candidatos a dadores de medula óssea, por favor não misturemos alhos com bugalhos; quando se inscreve para dador de medula está SIMPLESMENTE a realizar a tipagem HLA MAIS NADA! Se o dador for convocado para realizar os estudos mais aprofundados de compatibilidade especifica para um potencial receptor estes comportamentos são inquiridos. Eu já tive um caso de um potencial dador que se picou num doente com HCV não podendo NESSA ALTURA dar medula. Na inscrição só deverão ser rejeitados quem NUNCA poderá dar medula, as razões de suspensão temporária serão questionadas na altura de surgir um potencial receptor! Claro que existe legislação própria... mas esta nunca poderá ser especifica em cada caso mas simplesmente marcar guias genéricas, já que são os estudos científicos/ dados epidemiológicos que podem mudar de ano para ano às quais a comunidade cientifica deverá se actualizar permanentemente. No inicio da década de 80 a transmissão de HIV por transfusão sanguínea era um rico real, hoje virtual... não foi a esperar pelas leis que isso aconteceu com toda a certeza.
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De Ana Matos Pires a 27.01.2009 às 11:30

Ora cá está o que eu dizia, João, é importante (e não estúpido) perceber sob que prisma o assunto está a ser discutido - eis as tais diferenças entre os aspectos técnicos e políticos.

Não percebo onde está a desinformação, David Ferreira. Claro que considero a SIDA uma severe infectious disease ", daí me parecer importante que seja referida a impossibilidade de serem dadores de sangue as pessoas whose sexual behaviour puts them at high risk of acquiring severe infectious diseases that can be transmitted by blood ". Partilho, de resto, a opinião com médicos com obrigações institucionais - 'marrecos' de "participarem em reuniões internacionais de medicina transfusional" e de conversarem com "médicos da Alemanha, Suíça , Inglaterra, Espanha que trabalham em Medicina transfusional"-, como se comprova: "Ser homossexual, só por si, não é critério de exclusão da dádiva de sangue", garante Gabriel Olim , presidente do Instituto Português do Sangue e Henrique Barros, coordenador nacional de luta contra a SIDA : "Não faz sentido impedir homossexuais de dar sangue. É a ideia, completamente ultrapassada, da existência de grupos de risco." E acrescenta: "Toda a gente sabe há muito que os rastreios selectivos, que separam as pessoa entre quem pode e quem não pode dar sangue com base em orientação sexual ou cor de pele são estultos.".

Estou a falar da primeira barreira, daí ter equiparado os dadores de medula.

Quanto ao uso de sangue contaminado nos idos 80 do século passado... olhe como teve consequências para o poder político aqui e noutros países.
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De Ricardo Correia a 26.01.2009 às 23:06

O meu humilde contributo sobre o caso específico dos cidadãos homossexuais:
http://allandcroc.blogspot.com/2009/01/ideais-2.html
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De Maverick47 a 27.01.2009 às 03:26

excelente contributo. "the best way to defeat devil is to mock him", como dizia alguém
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De David Ferreira a 27.01.2009 às 00:34

A rejeição de homosexuais e bisexuais não existe na dádiva de sangue, existe sim a suspensão de potenciais dadores de sangue que tenham tido relação homosexuais masculinas nos últimos 12 meses andes da dádiva (tal como quem tenha tido relações a "troco de dinheiro ou drogas"). A razão é muito facil de entender e bastará consultar a última publicação da OMS em relação à SIDA em - http://data.unaids.org/pub/GlobalReport/2008/JC1511_GR08_ExecutiveSummary_en.pdf para entender... na pág.9 está claramente descrito que retirando a África subsariana e algumas regiões a epidemia da SIDA transmite-se principalmente, por relações homossexuais masculinas, relações heterossexuais com prostitutas e uso de drogas e.v. e paaso a citar "In virtually all regions outside of sub-
Saharan Africa, HIV disproportionately
affects injecting drug users, men who have
sex with men, and sex workers". E isto não é uma opinião, não é uma ideia é um FACTO EPIDEMIOLÓGICO (basta consultar o link). E é em base em factos que devemos trabalhar... assim ao excluir 4 a 5% de potenciais dadores estou efectivamente a reduzir em mais de 50% a hipotética transmissão de HIV (em período janela).
Depois quero salientar que existem muitas outras razões por um potencial dador não o possa ser... um dador que recebeu uma transfusão de sangue é excluído, um dador que teve malária (ainda que há 30 anos) mas mantém um determinado teste positivo é excluído, estarão estas pessoas tb a ser "descriminadas"???
Em último lugar gostaria tb de referir a responsabilidade do médico que realiza a triagem dos dadores... ele é o responsável pela colheita, e o poderá ser legal/criminalmente caso viole de forma grosseria as recomendações nacionais/internacionais... como tal gostaria de saber se alguém que não tem qualquer tipo de formação na Vossa área, mandasse uns bitaites que caso os seguisse Vosso poderia colocar envolvidos em casos de tribunal o que fariam, o que pensariam? Penso que quem assina o consentimento informado permitindo a dádiva ao potencial dador, responsável deverá tomar a decisão correcta defendendo tanto a dador como o futuro receptor, agora quem está de fora, quem nunca será responsabilizado, quem nunca leu nada à cerca de epidemiologia da SIDA opinar baseado em nenhum dado objectivo é obra!
Já agora o papel do médico é garantir o "direito à dádiva" (se é que isto pudesse existir...) ou reduzir ao máximo o risco do doente que vai ser transfundido? Qual deles está no juramento de Hipócrates?
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De maverick47 a 27.01.2009 às 02:17

também vai impedir os clientes de prostitutas - como? e como provar que um dador é homossexual, se ele mentir? também quer impedir os que têm comportamentos promíscuos? sim, porque não é a orientação sexual que está em causa, mas os comportamentos promíscuos (i. é, com vários parceiros, sem protecção).

se calhar, o melhor é mesmo colocar potenciais dadores 12 meses trancados numa casa, estilo "big brother sem sexo". claro, "para reduzir ao máximo o risco do doente que vai ser transfundido".

"ao excluir 4 a 5% de potenciais dadores estou efectivamente a reduzir em mais de 50% a hipotética transmissão de HIV (em período janela)." - isto é simplesmente falso.
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De David Ferreira a 27.01.2009 às 08:14

Já tentou dar/deu sangue alguma vez? Se sim sabe que o interogatório/questionário se baseia na honestidade/boa vontade do dador... não tenho que provar nada como é evidente. Evidentemente que todos podem mentir, aliás lembro-me de um homosexual há 2/3 anos ter ido dar sangue ir à TV e dizer que foi aceite porque mentiu. Se é este tipo de comportamento desonesto que queremos o risco final será de quem recebe a transfusão (actualmente há um questionário onde são perguntados os comportamentos sexuais e que é assinado pelo dador e pelo médico).
Os 12 meses não são viáveis na actualidade (já o foram) mas quem tiver uma nova parceira sexual nos últimos 6 meses também é suspenso até completar os 6 meses.
"ao excluir 4 a 5% de potenciais dadores estou efectivamente a reduzir em mais de 50% a hipotética transmissão de HIV (em período janela)" é a verdade que os factos nos transmitem; partindo do principio que 8% tem dos homens tem relações homossexuais masculinas ou relações com prostitutas uso de drogas e.v (4-5% do total dos potenciais dadores) no período de 12 meses em análise, ao suspender-los estou a excluir, segundo o relatório mundial da OMS a maior, as principais causas de transmissão de de HIV e principais é igual a mais de 50%, aliás na minha opinião, e agora sim é opinião, deverei estar a excluir mais 80% das causas.
Concluo não podendo achar muita piada que quem nunca teve a responsabilidade de aprovar dadores, quem nunca estudou os dados epidemiológicos de transmissão do HIV queira influenciar decisões clínicas que podem por em risco a segurança transfusional dos doentes, mais, foi graças a esta política de aprovação restrida de dadores, que as hipóteses de um doente vir a ter HIV por transfusão actualmente (+-) é de 1 para cerca de 400.000 transfusões (com testes NAT) parece que agora querem "andar para trás"
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De Maverick47 a 28.01.2009 às 01:55

Também não acho piada nenhuma quando os especialistas se baseiam nos seus preconceitos sociais para darem a determinados dados uma interpretação conforme. Esta é uma questão de estatística, não de medicina. Não sou nenhum especialista em nenhuma, mas faço as minhas contas.

Ao retirar essas pessoas, você não está a reduzir as doações contaminadas em 50%. Supondo que, e exagerando a desproporção a seu favor para tornar as minhas conclusões mais sólidas, 1/10 desses 4% tem sida, e que o mesmo se aplica a 1/100 dos restantes 96%, isso significa que, na população total, terá 9.8% de infectados, 9.4% (96% em rel. ao total de infectados) não se incluindo nesses grupos, e 0.4% (4%) incluindo-se.
Ou seja, ao retirar homossexuais e clientes de prostituição, diminuirá em 5%, e não 50%, as doações infectadas. É esse o aumento do risco de infecção do sangue doado por aqueles grupos, em face do grupo maioritário.

E isto partindo de um equívoco: o de que todos aqueles comportamentos são sempre desprotegidos, e, no caso dos homossexuais, ignorando a existência de relacionamentos fiéis.

Assim, quanto muito, o que um profissional como você poderia defender era a rejeição de quem tem comportamentos de risco, e a aceitação de quem diz que não os tem, seja qual for a sua orientação sexual. E mesmo desse ponto de vista, os próprios "profissionais" ou clientes de sexo também se poderiam talvez aceitar, desde que se protegessem.

No entanto, como as pessoas mentem, o que você admitiu, e isso terá efeitos na "pureza" das colheitas, adoptar uma posição moralista e inquisitória pode ser inútil. Até porque, mesmo quando as pessoas não mentem, os seus parceiros estáveis podem tê-lo feito em relação a elas.

Tendo em conta tudo isto, acha mesmo que vale a pena discriminar grupos de pessoas, ficando com menos 4% de colheitas, em nome de uma (duvidosa) diminuição de 5% no risco? Sejamos sérios.

Se tem 1000 colheitas, e lhes juntar 4%, dará aproximadamente 40 novas colheitas - dessas estarão contaminadas 2, que poderão ser rastreadas. Por causa do preconceito, excluem-se 38 boas colheitas.
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De maverick47 a 28.01.2009 às 07:15

Reli agora o meu comentário. Você tinha razão quanto aos números. Peço desculpa. Já que não posso corrigir o meu comentário, aqui fica a rectificação. Não sinto, no entanto, que os meus argumentos anti-discriminação fiquem fragilizados pelo lapso que tive, metendo um zero a menos (o que veio a alterar os resultados das contas, mas não o essencial - o repúdio da xenofobia).

Mas há duas coisas que eu não retiro.

A primeira é que não se pode adoptar uma posição moralista quando as pessoas podem perfeitamente optar por mentir.

A segunda é que não deve haver discriminação assente na causa das interacções sexuais - seja ela dinheiro ou orientação sexual -, mas em comportamentos de risco: e isso resolve o problema de diminuir a probabilidade de colher sangue contaminado.
B. Franklin disse que (e nisso concordo com o Freitas), quem abdique da justiça em nome da segurança, acaba por perder as duas. Discriminar pessoas não é justo, nem justificável, nem mesmo quando possa parecer seguro.

E, respondendo ao João Moreira Pinto, não se podem entregar aos técnicos questões que são de todos, como as relativas a direitos fundamentais e princípios essenciais de respeito pela integridade das pessoas. Nem o próprio João Moreira Pinto o fez, quando os defendeu.
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De David Ferreira a 28.01.2009 às 08:35

Novamente parte de um preconceito... que eu tenho algum objectivo moralista ou que tenho alguma moral para espalhar entre a população... aliás o meu conceito moral pessoal nunca o abordei neste "disscussão" nem faria sentido isso.
EU FALO DE SEGURANÇA TRANSFUSIONAL, e falo da minha obrigação enquanto médico de reduzir ao máximo o risco do doente que vai ser transfundido! Se as pessoas não mentissem provavelmente a dádiva era 100%. Já agora sabia que atá ao fim da década de 70 a dádiva era remunerada em Portugal? Provou-se que a dádiva benévola altruísta era mais segura do que a remunerada ou a destinada a um doente e foi essa a razão de actualmente em toda a Europa a dádiva ser benévola não remunerada e não o dinheiro em si.
Um homossexual penso que não o deixa de o ser mesmo que esteja sem relacionamentos sexuais durante 6/12 meses, ele poderá dar sangue... como tal não existe discriminação com base na orientação sexual mas sim com base nos comportamentos de risco que o OMS define nos riscos de transmissão de HIV no seu documento epidemiológico oficial e transcrevo novamente "In virtually all regions outside of sub-Saharan Africa, HIV disproportionately affects injecting drug users, men who have sex with men, and sex workers" (!!!)
O DIREITO fundamental é o direito do doente a ter uma transfusão mas segura segundo os nossos conhecimentos actuais e NUNCA existiu dum "direito" de dar sangue.
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De maverick47 a 28.01.2009 às 15:36

Mas comportamentos homossexuais não são necessariamente de risco - só o serão em caso de sexo sem protecção, e não havendo um vínculo de fidelidade estabilidade na relação.
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De João Moreira Pinto a 27.01.2009 às 17:18

Obrigado a todos pelo debate. Não me vou meter mais em questões técnicas, que nem são muita da minha área. Uma coisa é certa, questões técnicas devem ser deixadas para quem tem conhecimento para decidir sobre elas. Acho que o Estado e alguns partidos políticos, por interesses de agenda política, interferem demasiado nas decisões técnicas, seja na Medicina, na Engenharia, Economia, entre outras. O caso que exemplifiquei no post mostra claramente isso. Existem centros que não aceitam o sangue de homossexuais da mesma forma outros não aceitam de profissionais de saúde. As direcções técnicas deverão saber em cada altura que sangue vale a pena recolher, evitando o custo e o incómodo de colher sangue que não vai poder ser usado.

Sobre as declarações que a Ana gentilmente transcreveu, confrontei-as com um colega de Hematologia e ele disse-me que existe uma normativa interna que recomenda a exclusão dos homossexuais homens. Não pelo facto de estatisticamente serem mais HIV+, mas pelo facto de o tipo de acto sexual ser mais propenso à transmissão de DSTs. Vendo o peixe pelo preço que mo venderam, porque não tive acesso à tal normativa. Alguém anda a mentir. De qualquer forma não invalida o que disse sempre, os directores técnicos devem definir em cada altura que sangue vale a pena ser colhido, mediante os stocks de sangue.

Ironizando um pouco, se o material de colheita não fosse tão caro, aos meninos que insistissem em ser dadores, colhia-se e deitava-se pelo 'cano'. Vale a pena estudar o custo do material contra o benefício de pararem de ouvir insultos 'homofóbicos'.
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De bossito a 28.01.2009 às 13:03

Esta discussão em torno das dávidas de sangue já cansa, e sinceramente é coisa com que as associações LGBT deviam perder muito menos tempo.. já que é algo que diretamente em nada prejudica a vida dos homossexuais portugueses. Não posso dar sangue, e? Nada perdemos por isso.

Quem pode perder é a sociedade no seu todo. Perde dádivas de sangue, e perde sobretudo ao associar uma vez mais a SIDA a um problema gay, incentivando assim os comportamentos de risco entre os heterossexuais..

Mas sobretudo o que mais me aborrece nesta discussão é a hipocrisia patente p.ex. neste post. A coisa começa no título, um cúmulo de hipocrisia por si só. E acaba em comentários como " Não me vou meter mais em questões técnicas, que nem são muita da minha área. Uma coisa é certa, questões técnicas devem ser deixadas para quem tem conhecimento para decidir sobre elas."

Um bocadinho mais de frontalidade seria sem dúvida muito mais saudável. Neste, como em qualquer outro debate em Portugal... é tuguíssimo este fugir ao que realmente se pensa e defende.
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De J a 28.01.2009 às 13:59

Pode-me explicar melhor David?

O que interessa são comportamentos de risco. Imaginemos duas pessoas desonestas: um homosexual e um heterosexual. os dois com comportamentos de risco mas mentem.

o heterosexual, por ter essa orientação, pode ser dador sem restrições; o homosexual não, terá de passar a prova dos 9. é isso?

Um exemplo meramente académico:
Já se estudou quem é menos mentiroso? se forem os homosexuais até pode dar a volta à questão estatística...
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De J a 28.01.2009 às 14:03

Um homossexual penso que não o deixa de o ser mesmo que esteja sem relacionamentos sexuais durante 6/12 meses, ele poderá dar sangue...


Portanto o homossexual tem de ficar em onanismo durante 6/12 meses.

O heterossexual pode ter sexo vinte vezes por dia, desde que com a mesma pessoa noos ultimos seis meses.

E se o namorado do homossexual utilizar apenas a mão nesses seis meses? é uma prática homosexual? é de risco?

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De J a 28.01.2009 às 14:08

nota substituam-se os sexual por ssexual nos comentários acima quando aplicável
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De David Ferreira a 28.01.2009 às 14:34

@ J
Explico.
1 pergunda - não
2 pergunta- não ( mas pode fazer-lo mas não há garantias que o mentiroso não minta 2x...)
3 pergunta - não
4 pergunta - não
Pode amandar mais que respondo ;-)
Repito "In virtually all regions outside of sub-Saharan Africa, HIV disproportionately affects injecting drug users, men who have sex with men, and sex workers" - OMS - Estudo epidemiológico mundial - estatística - proabilidades.
Nestes postes SEMPRE falei em comportamentos de risco e defini-os claramente... mesmo assim voltamos à mesma conversa...

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