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Sistema de partidos: uma actualização

por Vasco Campilho, em 09.02.09

Quando iniciei a minha colaboração no blog Atlântico, fiz uma sequência de três posts sobre o sistema de partidos em Portugal - este, este e este. A última vaga de sondagens é um bom pretexto para actualizar o que neles avancei.

 

Do ponto de vista sistémico, importa pouco saber se é o PS ou o PSD que vai à frente. Importa muito mais saber se o bipartidarismo imperfeito que assegurou alguma estabilidade governativa desde 1987 tem condições para se manter ou não. No meu entender, o ponto crítico são os 70% de intenções de voto: se o conjunto PSD-PS baixar desse nível, estaremos face a uma mudança sistémica na vida política portuguesa.

 

Ora as últimas sondagens apontam precisamente para esse cenário: em Fevereiro, a Eurosondagem aponta para 69,4% enquanto que a Aximage indica um valor de 64,9% para os dois partidos do centro. No fim de Janeiro, a Intercampus apontava para 68,3% (mas numa projecção que apenas contempla votos para os partidos representados no Parlamento, o que majora os resultados). E a Marktest ostentava para o conjunto PS-PSD uns míseros 64,5%.

 

Como dizia o Afonso Azevedo Neves também a propósito de sondagens, não vale assobiar para o ar. Aquilo que estamos a encarar é a possibilidade muito real de, nas próximas eleições legislativas, o sistema de partidos português sofrer uma transformação qualitativa considerável. Vale a pena especular sobre o aspecto que essa alteração terá. A meu ver, os dois traços centrais do sistema de partidos que poderá sair de resultados como estes serão 1) a hegemonia do PS no sistema partidário e 2) uma acrescida instabilidade governativa. Dedicarei um post a cada um deles.