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Conheço muita gente que nunca tinha votado CDS e que hoje o fez pela primeira vez.
As caras de enfado e desgosto que hoje se viram pelo Largo do Caldas e nos vários dirigentes do partido que se pronunciaram sobre os resultados destas eleições são, para esses eleitores, o pior cartão de visita eleitoral do CDS.
O CDS teve hoje o seu segundo melhor resultado em 37 anos. Manteve os almejados dois dígitos. Conseguiu a suma proeza de aumentar a percentagem de votos e o número de deputados quando o PSD sobe mais de 10% em relação a 2009. Tem tantos deputados como PCP/PEV e BE juntos. Vai para o Governo. Mas, pelos vistos, não há razões de festejo.
O CDS parece sofrer de um síndrome que, à falta de melhor, designarei por “síndrome sportinguista”: não lhe basta o sucesso próprio; para a satisfação ser completa, é também preciso que o PSD fracasse (lembre-se, por comparação, a incontida alegria do CDS nas eleições de 2009).
Ora, para além dos 6/7% que tem praticamente garantidos em todas as eleições, os outros 5/6% que desta vez – e em 2009 – votaram CDS são compostos por eleitores de direita pragmáticos que votam no CDS sem a ilusão de que este partido venha alguma vez a ocupar a posição liderante do PSD. Querem apenas que o CDS integre um Governo (naturalmente) liderado pelo PSD e que possa influenciar o seu programa de acção.
Os muitos iludidos do CDS que, imersos numa arrogante e caricata mania das grandezas, acham que essa inversão de posições com o PSD é possível e que algum dia fatalmente acontecerá, mais não fazem do que alienar esses tais eleitores que votaram CDS pela primeira vez, que acreditam legitimamente que este foi um bom resultado e que não compreendem a desilusão reinante. Começaram a fazê-lo esta noite.