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O instituto da democracia portuguesa fez ontem um indignado comunicado sobre a expulsão de António Capucho. Lendo até fiquei sensibilizado. Quase convencido. Juntam-se mais umas quantas notícias e comentários sobre a indignidade da “nova mocidade portuguesa passista, de fardeta neo-liberal”. Sou dirigente do PSD. E isso faz de mim a “nova mocidade portuguesa passista, de fardeta neo-liberal”. Mocidade, passista de fardeta ainda vá que não vá. Neo-liberal põe-me doente.
Vamos por partes para ver se a gente se entende:
A contrario. Todos são iguais perante os estatutos. Todos menos António Capucho e qualquer outro que se tenha distinguido. Os estatutos não se aplicam a pessoas com o “estatuto” de António Capucho. Pois. Há qualquer coisa aqui que não bate certo.
Anos 30 do século XX? Bom. Admito falta de letras do autor. 1989. Era eu pequenino. O militante número 6 do PSD “que fundou o partido com Sá Carneiro” é expulso por causa de uma entrevista em que criticava um governo do PSD. Assim. Sem processos nem formalidades. Diz a wikipedia que Cavaco Silva era presidente do partido e António Capucho seu vice-presidente. Cavaco nunca foi jotinha. Capucho também não. Decorem o nome. Carlos Macedo. Uma entrevista. No caso de Capucho deu dezenas e mesmo assim foi preciso candidatar-se contra o próprio partido para lhe acontecer qualquer coisa.
Verdade. Especialmente na parte “tantos cargos”. Ser profissional da política é uma opção tão respeitável como outra qualquer. O PSD abdicou de um dos seus mais ilustres e antigos profissionais da política.
Vida ou morte da democracia? Caramba. Se gostam assim tanto de Capucho até deviam agradecer. Ficam com ele só para vocês.
Uma nota final. António Capucho entra para a galeria de autarcas que, por uma razão ou por outra, discordaram com decisões dos seus partido e decidiram fazer as suas próprias candidaturas. São centenas. De quatro em quatro anos e em todos os partidos. É assim. É legítimo. E vai continuar a ser assim. E legítimo. E os estatutos aplicam-se a todos por igual. Um dia pode acontecer-me a mim. E lá estarei para entregar o cartão de sócio. No meio das centenas de cidadãos que fazem estas escolhas há uns mais conhecidos. Falo de Narciso Miranda em 2010 e Avelino Ferreira Torres em 2013. No caso do PSD de Valentim Loureiro e Isaltino Morais em 2006. É óbvio que António Capucho não é Valentim Loureiro ou Isaltino Morais. Até porque Valentim e Isaltino tiveram outra dignidade. Não esperaram por ninguém. Saíram pelo próprio pé. Vai daí "cessão de militância" é eufemismo. Isto foi mesmo expulsão.