por Laura Abreu Cravo, em 21.12.06
Não tenho especial enlevo pelas entediantes teorias da libertação feminina. Acho mesmo que grande parte do encanto do mundo está em saber-se, desde o início dos tempos, que o género não é uma característica irrelevante na maior parte das coisas na vida. Também não advogo pela teoria misógina que confina as mulheres ao perímetro da copa (embora algumas pareçam nunca ter saído de lá).
É inegável que as mulheres têm vindo, nos últimos anos, a ocupar lugares cada vez mais significativos: na política, nos empregos, nas universidades, na sua relação com os homens. A sociologia fala mesmo do fenómeno das mulheres “independentes e resolvidas”, que, solteiras até muito tarde, vivem para o trabalho mantendo, com os homens, relações de absoluta independência e desprendimento.
Pois bem, a reacção a esta tendência para a libertação feminina não se fez esperar. Não sei se têm notado, mas, há cerca de um mês, que as garrafas de água mineral têm tampas novas, bastante mais estreitas e que obrigam a que o utilizador exerça muito mais pressão para conseguir abri-las. Coisa que, como todos sabemos, vem inscrita no código genético feminino como lacuna insuprível.
Depois da quinta garrafa (de 3 marcas diferentes) rendi-me às evidências. Ou me queixo à DECO ou, dentro de um mês, conto estar casada. Tudo isto para não morrer de sede.