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Eis a república (I)

por Jacinto Bettencourt, em 04.02.08

Entre outras coisas, eis um exemplo do que poderemos  no Relatório da Comissão de Projectos para as Comemorações do Centenário da República:

 

«Reivindicando-se da trilogia revolucionária francesa da "Liberdade-Igualdade- Fraternidade" – que o constitucionalismo liberal monárquico tinha reduzido ao primeiro termo, numa versão puramente individualista, esquecendo a igualdade e a fraternidade –, o republicanismo histórico manteve desde o início uma clara pulsão democrática e social, num duplo sentido, a saber, na promoção do associativismo e na defesa de direitos sociais básicos dos trabalhadores. Por isso, o republicanismo só se alcança na base das suas relações com o liberalismo, com a democracia e com o socialismo.»

 

Prepara-se a comemoração reabilitadora do menos representativo governo da história de Portugal, erigido no curso do menos democrático estádio da histórico constitucional portuguesa; e organizam-se, também, os gatos pingados que, com tostão e meio no bolso, irão emitir vivas à trilogia revolucionária, introduzem-se referências forçadas ao socialismo, associa-se, incorrectamente, república e democracia, insiste-se no ataque ao liberalismo constitucional, e tudo isto com um só propósito: confundir os portugueses, colocar as avós de uns a relatar o que não sucedeu, colocar os netos de outros a comemorar o lamentável, alimentar, enfim, em todos nós a dúvida sobre o que verdadeiramente aconteceu. É isto que alguns republicanos (felizmente poucos) -- toldados por complexos congénitos, que pouco ou nada querem saber do país ou que não sentem ainda a vergonha de terem destruído um país que era, e prometia ser, bem mais -- se preparam para comemorar: um conjunto de mentiras que, ainda hoje, serve o interesse de poucos e impede a reconciliação genuína dos portugueses. Há que os desmascarar e trocar-lhes a mentira pela verdade.