por Henrique Burnay, em 17.03.08
Primeiro foi o International Herald Tribune a contar que os imigrantes que há poucos anos se juntavam em Madrid, em frente da Estação de Atocha em busca de trabalho, encontram cada vez menos procura por ali. O que era um mercado onde havia mais trabalho do que trabalhadores inverteu-se. E, claro, as regras laborais, sobretudo as não legisladas, também. Ao mesmo tempo, contava o jornal, na Dinamarca da flexisegurança o desemprego atingiu os valores mais baixos dos últimos 30 anos e de 2006 para 2007 o governo dinamarquês aumentou em 41% o número de autorizações de residência para estrangeiros. Entretanto, os mesmos jornais que há dois anos falavam do medo que os franceses tinham da concorrência do “canalizador polaco”, contam agora que os polacos que tinham imigrado para a Grã-Bretanha estão a fazer as malas e a regressar ao seu país. Finalmente, quem abrir as páginas da revista The Economist –normalmente quem as abre é gente qualificada – descobrirá um anúncio a dizer “Trabalhe na Finlândia”. Como se explica, há falta de mão de obra na Finlândia, e as empresas nacionais estão à procura de trabalhadores estrangeiros nas áreas das Tecnologias de Informação, Direito, Marketing ou Finanças. O anúncio termina com uma sugestão que pode ser mais ou menos traduzida por “faça as malas e traga o seu cérebro para Norte”.
O que isto tudo quer dizer é que a crise económica não é igual para todos e que há economias que se prepararam e estão a enfrentar a globalização com sucesso. Mas, claro, são países que andam a pensar no que fazer há dez ou vinte anos. Pensar a longo prazo faz muita diferença.
Como de costume, no
Meia Hora de segunda-feira.