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convidado especial - Filipe Nunes Vicente

por Rui Castro, em 22.04.08

Quando fiz a tropa fiz algumas amizades que por lá ficaram. A tropa é tão democrática que é impossível não fazer amizades . Os blogues são um pouco como a tropa: afinidades, simpatias, ajudas, mas muitas diferenças só conjunturalmente ultrapassadas. A  vantagem é que nos blogues não dormimos uns por cima dos outros. Vem isto a propósito de merecer um leão.

Um ex-ministro da ditadura argentina dos anos 70, José Martinez de Hoz, publicou recentemente as suas memórias de caça grossa – A Sporting Life: The Memoirs of a Big-Game Hunting ( Safari Press 2005). Martinez não chega aos calcanhares dos meus  autores-caçadores favoritos, mas relata um episódio delicioso. François Giscard d’Estaing,  primo do então presidente francês, tinha fundado à epóca um clube em Paris com regras de admissão algo restritas: só entrava quem tivesse  caçado um leão.

Vai daí alguns cromos abalavam para África na ânsia de entrar para o exclusivo clube. Martinez esteve num safari com um desses candidatos. Era um idiota que nunca tinha caçado nada (nem uma perdiz) e, naturalmente, não caiu nas boas graças dos Professional Hunters (deixaram de se chamar White Hunters por causa das conotações colonialistas e racistas…). O francês chegou a propor aos P.H. que matassem eles um leão e o deixassem ficar com os créditos. Má ideia.

O pobre do francês passou trinta dias a ser passeado por todo o lado. Os P.H. certificaram-se que ele não encontraria nem o rasto de um leão. Quando o homem voltou para Paris, Martinez perguntou a um dos P.H. por que motivo o homem tinha sido tratado daquela forma. O P.H. foi claro: “That man didn’t deserve to shoot a lion”.

Nas amizades, nos blogues, na política, há quem seja como o nosso francês; há quem só se interesse pelo troféu (ter o nome no jornal e a cara na TV). E  há outros que, sem caçar leões, tiram imenso prazer de perdizes em boa e ocasional companhia. Aqui no 31, por exemplo.