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convidado especial - Pedro Picoito

por Rui Castro, em 22.04.08

O

Leopardo Cor-de-Rosa

Além dos fatos de bom corte, o que há de comum entre o Príncipe de Salinas e o Ministro da Cultura? Ambos querem mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

Já vimos que Pinto Ribeiro tem o nada secreto desejo de ser comissário do Acordo Ortográfico, não morre de amores pelo modelo OPART e pretende atirar o protocolo com o Hermitage para o limbo do esquecimento. São claras diferenças em relação à sua antecessora. E para melhor, se me perguntam.

Mas tais diferenças não irão muito longe por uma razão simples: o novo inquilino da Ajuda não tem dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais todos os coros e coretos da cultura nacional. Na audição parlamentar de 19 de Março, que marcou o seu debute público e à qual assisti como enviado da Atlântico (graças aos bons ofícios do Paulo Pinto Mascarenhas), a palavra que mais repetiu foi “parceria”. A fórmula mágica, tantas vezes invocada que já provocava sorrisinhos cúmplices entre jornalistas e deputados, resume o pensamento ministerial para estes tempos de cólera: parcerias com os privados, parcerias com as empresas, parcerias com as autarquias, parcerias com a Europa. Cheguei a temer que o Ministro anunciasse uma parceria com o Orçamento Geral do Estado, mas ele próprio confessou não ter imposto qualquer exigência a Sócrates.

Era isto que queria dizer com aquela primeira frase, transparente mas recebida como um oráculo, em que prometia fazer mais com menos. O que equivale, recorde-se, a 0.4% da atenção financeira do Governo. Ausência de grandes projectos, revisão das regras para a atribuição de subsídios (e revisão nunca é sinónimo de “agora, sim, correrão rios de ouro para a cultura”), inauguração em 2009 dos Museus do Côa, do Douro e da Língua - no fundo, e sem fundos, é este o programa de festas.

Por mim, está tudo bem. Eu já nem ia votar PS…

Pedro Picoito