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convidado especial - Pedro Correia

por Rui Castro, em 21.04.08

HERÓIS E VILÕES: UM RETRATO PORTUGUÊS

1. Um casal que anda há cinco anos a desrespeitar sucessivas ordens de sucessivos tribunais sequestrando uma criança que ficou irregularmente à sua guarda é levado em ombros pela opinião “esclarecida” e transformado em modelo de cidadania. Inventa-se até um novo conceito, inexistente na lei – o de “pais afectivos” –, para enaltecer ainda mais este edificante modelo de fuga permanente à justiça.

2. Um jovem que anda há cinco anos a procurar obter por todos as vias legais a tutela sobre uma filha que ninguém nega ser sua, e que viu todas as instâncias jurisdicionais confirmarem esta pretensão, é transformado em vilão pela mesma opinião “esclarecida” e vaiado na praça pública como se estivesse a cometer um acto ilícito. Na mesma sociedade, recorde-se, onde o conceito de paternidade responsável tantas vezes – demasiadas vezes – é mera letra morta perante a sistemática indiferença de gregos e troianos.

3. A advogada do casal – que chegou a ser transformada também em heroína de uma causa justa – abandona subitamente este patrocínio. E, num país onde tudo se sabe, de repente parece que ninguém quer indagar quais foram os motivos de tão surpreendente decisão.

É tempo de pararmos para tentar reflectir um pouco no meio desta gritaria “comunicacional” que demoniza uns e notabiliza outros. É tempo de percebermos quem transforma quem em herói e em vilão. E como. E porquê.

E para quê.

Pedro Correia


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De jonhy guitar a 21.04.2008 às 18:23

completamente de acordo.um caso que nos devia envergonhar a todos por permitir-mos a existência em portugal duma justiça tão cobarde e medrosa,cavalgando a onda do que está a dar.uma não justiça.e como mto bem diz tb os jornalistas que adoram armar ao moderno tem culpa na formação de um caso que é chocante pela total ausência de valores que revela.o habitual esquerdismo moral em todo o seu esplendor
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De nomyia a 21.04.2008 às 22:19

Eu não acompanho o caso exaustivamente e não estou a par de todos os seus contornos judiciais. Contudo, acho que se está a simplificar demasiado a questão. Não existem nem heróis nem vilões nesta história. E infelizmente todos têm algo a perder. Os pais adoptivos, o pai biológico e até a menina. Apenas acho maravilhoso como as pessoas teimam em pôr-se do lado de um ou de outro e esquecer a criança. O que o casal fez foi errado. O que a justiça está a fazer ao continuamente recusar-se a tomar decisões firmes (é um erro!), o pai biológico ao querer separar a criança de tudo o que sempre conheceu de forma tão repentina é um erro!Como parece que todos têm uma opinião deixo aqui a minha: a aproximação ao pai deve ser gradual e não repentina. Devem ser criados laços, se não a criança irá ressentir-se do pai verdadeiro, por mais que este só lhe tenha amor e idolatrar os pais que a acolheram. Falo como alguém que não conhece o caso em toda a sua extensão, mas viveu um caso de abandono e sabe quais os efeitos nefastos numa mente jovem, influenciável e em formação .
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De morgado_do_bombarral a 21.04.2008 às 22:32

Finalmente uma opinião sobre este caso que não é tendênciosa. Está um pouco simplista, é certo, mas é o suficiente para explicar ao "povo esclarecido" o que realmente está em causa
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De João Távora a 22.04.2008 às 12:13

Também vais ser "imolado", Pedro! Concordo genericamente contigo.
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De JP a 22.04.2008 às 12:26

Nem mais!

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