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Uma notícia no Público dá-nos conta do pesar de Saramago sobre a possibilidade de coexistirem pavilhões «diferenciados» na Feira do Livro de Lisboa, a qual, como todos sabeis, era servida por barraquinhas uniformes:
”Referindo-se à autorização para pavilhões diferenciados, Saramago criticou a "diferença na apresentação dos livros de qualquer editora". "Não me parece bem. Se nos pavilhões cabiam as pequenas e as grandes editoras, podiam continuar a caber", defendeu o Nobel da Literatura. Para o escritor, esta "não foi uma boa solução" porque "abre portas a uma espécie de caos". José Saramago caracterizou a Feira do Livro como uma "festa democrática", onde a existência de pavilhões diferenciados e eventualmente "imponentes", "exibe uma diferença de classes".
Comunista dos sete costados (vamos pensar que sim), e provavelmente incomodado pelo facto da sua editora – a Caminho – ser agora propriedade do vampiro capitalista Paes do Amaral (grupo LeYa), Saramago não deixa os créditos igualitaristas em mãos alheias e alerta o mundo para o caos que aí vem se deixarem o homem à solta. Para Saramago, será um duro golpe no espírito comunitário e democrático da Feira do Livro, onde toda a minha gente se sujeitava, por hábito e amorfismo, à mediocridade vigente. Fazer diferente, e provavelmente melhor?! E os pequenos?! E os pobres, que não vão poder «acompanhar» os ricos?! Nem pensar, avisa Saramago. Isso estragaria a «festa». Há que nivelar por baixo. Há que refrear a diferença. Há que domar a diversidade. Há que ser utilitarista na adopção de proteccionismos. Há que boicotar essas novas ideias «progressistas». E eu penso: ainda bem que um certo “Abril” não se cumpriu.