De Dutilleul a 07.07.2008 às 22:32
Exmos. Senhores,
pela comunicação social, tomei conhecimento do que hipocritamente se designa por “proposta”. Na qualidade de cliente da EDP, no que se refere à prestação de um serviço de fornecimento de energia
a) em regime que é efectivamente e para todos os efeitos práticos de monopólio;
b) numa zona em que se chover, o mais provável é que não possa contar com esse serviço (xxxxxxxx, xxxxxxx; ou seja, não, não fica numa região periférica e afastada de tudo);
c) um serviço que como V. Exas. MUITO BEM SABEM não tem qualquer qualidade e que deveria envergonhar qualquer empresa minimamente empenhada, já não digo com qualidade de serviços, mas com a mais elementar forma de respeito pelos seus clientes;
d) uma empresa que se faz pagar por serviços que efectivamente não presta em termos minimamente aceitáveis, que está na origem de inúmeras avarias em aparelhos domésticos e de enormes prejuízos, como V. Exas. MUITO BEM SABEM;
e) uma empresa, que pela razão mencionada em d), institui o roubo como prática empresarial;
f) uma empresa cujos conselhos de administração são objecto de sucessivas notícias que inspiram sentimentos de repulsa e induzem o vómito do cidadão comum com um mínimo de princípios;
e tendo em consideração a evidência de que nas empresas, o incumprimento de obrigações contratuais por parte de um cliente faz parte de uma coisa chamada riscos;
E que em qualquer outra empresa o incumprimento é assunto resolvido com o concurso dos tribunais (sim, sim, a mesma justiça a que as outras empresas e os outros mortais têm direito); E que se a justiça não funciona, também não fica bem à EDP reivindicar uma vida paralela e que pelas leis de um estado de direito é interdita às outras empresas ou cidadãos individualmente considerados;
E que, por todas estas razões, a “proposta” em discussão além de – mais uma vez – substanciar um roubo, é surrealista. (Alguém, em bom juízo, pode dizer a alguém: “O senhor tenha paciência, mas aquele sujeito que vai além, acabou de me roubar a carteira. De maneira que estou para aqui atrapalhado e preciso que me passe a sua, para fazer os acertos. Como vê, tenho aqui uma magnifica pistola.”??????)
Escusado será dizer que discordo, oponho-me e indigno-me com a “proposta”. A EDP tem de facto uma magnífica pistola, mas a proposta é ridícula, insultuosa, ilegal e imprópria de gente de bem. Os cidadãos cumpridores e regulares pagadores não têm nem devem suportar as dívidas de quem não paga.
Uma coisa é ser roubado. Outra, bem diferente, é ser roubado e gozado.
Recorram aos tribunais para esse efeito. Se administração da EDP considerar grande incómodo na solução, que façam uma vaquinha com os respectivos salários, pensões e prebendas. Afinal de contas, entre todos, uma coisita de doze milhões nem chega a fazer mossa.
Fiquem V. Exas. bem que eu vou andando como posso.
Depois, pensei melhor e enviei outra:
Exmos. Srs.
Depois da minha resposta reconsiderei o assunto e declaro-me disposto a aceitá-la na condição de V. Exas. aceitarem ser publicamente acoitados.
A cerimónia deve ser televisionada pela televisão do regime dando assim e finalmente, ensejo à prestação de um verdadeiro serviço público. Os gritinhos devem ser gravados para a radiodifusão do regime.
Creiam-me disponível para pagar também a parte correspondente a dois ou três compatriotas menos adeptos do circo.
Fiquem bem que eu vou andando.