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Embora os amantes do “tanto faz” afirmem que a diferença já não se sente, digo-vos que, maioritariamente, a minha paleta ideológica não pinta um retrato de esquerda!
Creio na atribuição de liberdade decisória ao indivíduo, que será responsável pelos seus actos perante os seus pares, conhecedor que é de uma clara distinção ética entre o certo e o errado, designadamente no que toca à impossibilidade de colidir com a liberdade dos outros.
Socorro-me, por isso, da noção anglo-saxónica de empowerment; cada um é senhor do seu destino, respeitados os limites mínimos da convivência cívica.
Já a esquerda portuguesa dita “sofisticada” – falo de PS e Bloco de Esquerda – tem uma agenda bem diversa, encapotada pela ignorância de adversários, comentadores e alguns jornalistas e branqueada pelos seus apoiantes que laboram nos media, seja por convicção seja por servilismo.
Entendo que o Governo do PS com a crítica cénica ou encenada do BE visam fortalecer um Estado centralista, apostado na atomização dos indivíduos, como forma de, isolando cada um, mas preservando uma autoridade central forte, poder implementar “a martelo” um projecto de sociedade que fortalece a nomeklatura, contenta os ideólogos do regime e aconchega os apaniguados e sequazes.
Há por isso que enfraquecer as células intermédias da sociedade, assim se explicando o espartilho oferecido a professores, juízes e médicos, agricultores e funcionários públicos e o favor concedido a uma cultura de delação, de que são exemplos a demissão de Fernando Charrua (professor que criticou Sócrates), de Dalila Rodrigues (do Museu Nacional de Arte Antiga, por criticar as linhas da política cultural) e a da Directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho (por causa de um cartaz que satirizava declarações do Ministro da tutela, afixado por um médico).
De igual modo se explica, a meu ver, o afã em legalizar o consumo de drogas leves e o aborto (duas causas que apoiei, por ser mal menor), a facilitação do divórcio e o anúncio da ponderação da legalização do casamento (resta saber o que dirão da adopção) entre homossexuais.
Independentemente do que cada um pense sobre estas causas ou outras que quebram os laços de solidariedade espontâneos (veja-se o enfraquecimento do movimento sindical, no último acordo de concertação social), o que está em causa é uma separação dos indivíduos, a bem da imposição de um diktat impregnado de tiques leninistas e de prosápia trotskista.
Atomizados seguimos, alinhados à esquerda.