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Não me lixem

por Carlos do Carmo Carapinha, em 08.08.08

Em Portugal, sempre que se anunciam ou vislumbram medidas draconianas (leia-se cretinas) para refrear a utilização do automóvel nos grandes centros urbanos, fico sempre com a sensação de que os cérebros por detrás destas fantásticas iniciativas têm muito pouco respeito pelo seu semelhante. E das duas, uma: ou moram relativamente perto do seu local de trabalho ou nunca se aventuraram no mundo dos transportes públicos. Dito de outra forma: as pessoas não são estúpidas. Ou, pelo menos, não totalmente estúpidas.

Qualquer medida restritiva que não seja acompanhada, a montante, de medidas que melhorem radicalmente a qualidade e quantidade dos transportes públicos – ao nível do conforto, da rotatividade, da cobertura territorial e da diversidade – peca por insultar a inteligência alheia de forma rebuscadamente primária. É ponto assente que o futuro das grandes cidades passa pela implementação de sofisticados e eficientes sistemas de transportes públicos, e pela gradual substituição do actual parque automóvel por viaturas «amigas do ambiente» (peço desculpa pelo cliché) que consumam e poluam cada vez menos (desejavelmente nada). Mas até uma criança percebe qual destas medidas pode ser mais rapidamente implementada e qual produzirá mais efeitos secundários benéficos (a utilização dos transportes públicos ou semi-públicos permite, também, retirar mais carros das estradas, ruas, passeios, etc., quer poluam ou não muito).

Falar em introduzir ou agravar portagens no sentido de castigar quem utiliza – livremente, diga-se – o seu automóvel particular sem mudar aprioristicamente o que tem que ser mudado, é conversa imoral de pseudo-moralistas que, muito provavelmente, chegaram a um ponto das suas carreiras que homenageia de forma convicta o princípio elaborado por Laurence Peter.



(publicado igualmente aqui)



lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Sem imagem de perfil

De joão Gundersen a 10.08.2008 às 19:51

Os transportes ineficientes é um dos mitos fervorosamente recitados por quem nunca os utiliza. Quem utiliza o carro há anos dentro da cidade e se habituou a estacionar de qualquer maneira ou em qualquer sítio não usa metro ou autocarros, não conhece as linhas ou percursos acha logo que os transportes não funcionam. Concedo que têm muitos problemas, erros de percurso e alguns horários pouco compatíveis com os ritmos de hoje, mas não há o menor esforço para os utilizar, e isto é a esmagadora maioria das pessoas que conheço. Existe a extraordinária convicção de que o carro nos dá direitos. Lembro-lhe por exemplo a luta contra o estacionamento pago, o estacionamento anárquico em zonas de diversão nocturna, centros comerciais ou à volta das igrejas mais concorridas. O automóvel é uma das forma em que melhor se expressa o egoísmo e a incivilidade nacional e sem medidas draconianas nunca, mas nunca vai ser abandonado em favor dos transportes públicos. Como em tudo exigimos os direitos, mas ligamos pouco aos deveres. De qualquer forma posso deixar-lhe a sugestão de passar a andar de mota, polui menos, não perde tempo e hoje existem modelos bastante mais user-friendly " que quando eu comecei a andar...

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