Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




de manhã só estou bem na caminha

por Rodrigo Moita de Deus, em 20.08.08

De tempos a tempos alguém nos lembra que Portugal não investe tanto no desporto como a Austrália ou os Estados Unidos da América. Desta feita foram o Pedro Sales e o Daniel Oliveira. Bom argumento. Portugal investe 33 vezes menos que a Austrália e tem 35 vezes menos medalhas. Só gastamos 15 milhões de euros. Temos uma medalha e nem é de ouro.

 

Tudo bate certo. Não fosse a Etiopia (3 medalhas), o Azerbeijão (5 medalhas), a Jamaica (5 medalhas), o Quénia (8 medalhas), o uzbequistão (8 medalhas). E o Togo (1 medalha)? E o Tadjiquistão (1 medalha)? Quanto gastaram eles? Mais ou menos que Portugal?

 

PS: Na imagem Kanatbek Begaliev. Um dos dois medalhados do Quirguistão. Essa superpotência que, segundo as contas de Pedro Sales e Daniel Oliveira, deve ter gasto trinta milhões de euros nestes jogos olímpicos.

 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Sem imagem de perfil

De Daniel Oliveira a 20.08.2008 às 02:10

Caro Rodrigo, acontece que parte dos países de que falas (Azerbeijão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Quirguistão) vêm da ex-URSS que investiu muito no desporto de alta competição. E isso deixa frutos.

Em muitos outros casos, ou são atletas que trabalham no estrangeiro ou países de dimensões um nadinha diferentes da nossa.
Imagem de perfil

De Rodrigo Moita de Deus a 20.08.2008 às 02:23

Bom dia Daniel. O muro caiu há vinte anos mas admito que estes países têm sistemas que incentivam o desporto de alta competição. Tal como a Etiopia ou Quénia onde, toda a gente sabe, há óptimas condições para os atletas.

Agora mais a sério. O problema não é o dinheiro mas o que fazemos com ele. Se fosse investimento líquido o nosso serviço nacional de saúde seria um dos melhores do mundo. Só comparável com o nosso sistema educativo.
Imagem de perfil

De Pedro Sales a 20.08.2008 às 03:56

Rodrigo,

O nosso sistema de saúde é dos melhores do mundo. O 12.º melhor, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em todos os principais indicadores, esperança média de vida ou mortalidade infantil, estamos entre os melhores do mundo. Um avanço notável em duas ou três gerações. E isto num país com os indicadores de pobreza que conhecemos.
Imagem de perfil

De Rodrigo Moita de Deus a 20.08.2008 às 11:38

É claro que o nosso SNS presta óptimos serviços de saúde.O problema é aquele ano e meio de espera para conseguirmos chegar ao "óptimo serviço".
Imagem de perfil

De Pedro Sales a 20.08.2008 às 15:34

No meu centro de saúde - em Lisboa, é verdade - se telefonar de manhã, tenho consulta com o meu médico de família à tarde.
Sem imagem de perfil

De Diogo a 20.08.2008 às 20:36

Rodrigo,partilho a sua visão do papel do estado como criador de riqueza,seja ela puramente material e medível em termos de crescimento económico ou, digamos, desportiva,avaliável pelas conquistas dos nossos atletas. Não há dúvida que é mais importante a qualidade que a quantidade, mas na situação em que está o desporto em Portugal, o investimento inicial é inidspensável. Foi com o investimento estatal que Espanha preparou os JO de Barcelona e criou as infraestruturas, apostou na formação, incentivou a competitividade, desenvolveu as metodologias e profissionalizou as modalidades. É desse investimento que Espanha ainda retira frutos, com Nadais e outros que tais na linha da frente por esse mundo fora.
Em Espanha, as escolas competem entre elas e os melhores miúdos são seleccionados pelas academias e acompanhados até à alta competição. Têm facilidades nos estudos, recebem patrocínios e depois começam a ganhar títulos e dinheiro.
Posso estar enganado na análise mas de uma coisa tenho a certeza porque a sinto na pele: neste nosso tempo de tanta mobilidade, de tanto contacto transfronteiriço, de tanto Erasmus, é cada vez mais difícil conviver com a nossa condição de portugueses lá fora. Em Espanha vejo paineis gigantes com imagens de Alonso, de Nadal, De Gasol, de Iniesta, etc. que dizem "Ser español no es solo un orgullo, es una responsabilidad". No meu país,hoje, há pouco de que nos possamos orgulhar e,quando me perguntam quantas medalhas tem Portugal até agora, sinto apenas uma vez mais aquela vergonha impotente que experimento sempre que sou obrigado a falar de indicadores ou de conquistas nacionais.

Comentar post