por João Vacas, em 10.01.07
Por ocasião da visita do Presidente da República à Índia, a Casa Civil apressou-se a garantir à imprensa que esta era uma “viagem de negócios” e não uma “peregrinação histórica”. Não fosse alguém pensar que o Professor Cavaco Silva ia aproveitar a visita para denunciar in situ as invasões dos territórios que compunham o Estado Português da Índia e obrigar uns anfitriões envergonhados a devolvê-los e a desculpar-se pela tropelia do pândego Pandita...
Como noutros tempos, lá irá a comitiva em busca de mercancia. Mas, desta vez, pé ante pé, preparada para não dar relevância de maior à relação com todos os que, durante um par de anos, fizeram a Índia portuguesa e com o que deles ainda resta. Lá e cá.
Com a excepção de umas episódicas cedências ao bucolismo peregrinante, vai ser tudo muito à frente, convenientemente moderno, irrepreensivelmente empreendedor e impecavelmente clean. A nossa História comum não pode é incomodar os senhores e atrapalhar o negócio.
É triste e mesquinha esta necessidade parola de esconjurar o passado que temos como se fosse pestífero e incompatível com a nossa presente existência de país livre e democrático.
Se este é o novo Portugal, eu prefiro o de sempre. Apesar dos pesares.