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Caros Rodrigo, Rui e Carlos:

O assunto torna-se desgastante pelo que tentarei, sinteticamente, esboçar uma resposta que contribua para aplacar a vossa atracção pelo disparate:

1. Rodrigo, pegando no teu último comentário, presumo, então, que o problema português não resulta da falta de condições físicas, humanas, técnicas, passa, antes, pela ausência de uma mentalidade vencedora. Recapitulando um bocadinho no processo de construção da tua posição, presumo que, para ti, essa mentalidade seja um elemento nuclear do projecto desportivo da Etiópia, esse potentado nietzscheniano de vontade de poder. E que os responsáveis desportivos do Quirguistão sejam, para ti, um exemplo a seguir na inspiração dos seus atletas. Confesso que contra esta linha de raciocínio não tenho argumentos. Até porque cada poste teu insinua uma causa nova para algo que eu não considero uma desgraça, e muitas vezes em contradição com o raciocínio subjacente ao poste anterior. Já percebi que estás insatisfeito, traço característico de quem é exigente, consigo e com os outros. Sugiro, porém, que nesta questão te leves menos a sério e optes, uma vez por outra, por culpar-me a mim e a todos os que andam por este país: somos nós, que não competimos, que não comparecemos em grandes competições, que não corremos o risco de sofrer derrotas publicamente, quem não faz o país andar para frente. Deixa os atletas em paz.

2. Existem dois tipos de pequenez.  A pequenez de quem é pequeno, de quem não ousa, sequer, porque entende não ser capaz. E a pequenez de quem gostaria de ser grande mas que, por ser apenas pequeno, nem sequer conhece a dificuldade, o tempo e a paciência que ser grande envolve. É a pequenez de quem quer copiar resultados sem saber como eles se preparam. A pequenez dos habituais estrangeirados, por exemplo. Devo dizer que reconheço este segundo tipo de pequenez em muitos comentários sobre os resultados nos Jogos Olímpicos. São comentários sobre a pequenez dos outros.

3. Rui, fico genuinamente contente por saber, por este texto, que acompanhas com regularidade provas de natação em águas abertas, que te esforças por promover a modalidade e, quem sabe, assistes regularmente a provas em Portugal. E não querendo entrar no conteúdo visivelmente infeliz do teu post -- pois conheço-te e sei o respeito que tens pelas pessoas independentemente de eventuais incapacidades físicas -- sempre te direi que, uma das pessoas que, involuntariamente, ofendes, a fundista Daniela Inácio, chegou aos jogos olímpicos com a pior marca entre as concorrrentes (25.ª, posteriormente, 24.ª por desistência de uma concorrente), tendo subido oito posições (acabou em 17.ª classificada), acabando a prova a 1:30 da campeã do mundo; que esta atleta de 19 anos, bem engraçada por sinal, estuda Economia e não sabe se pode representar o país daqui a quatro anos nos JO de Londres; ou, ainda, que te dirigiste a uma miúda que é, apenas, uma das vinte melhores do mundo na modalidade que pratica.

4. Relativamente às lições de moral de que o Carlos me acusa, não sei se as dei. Sei, isso, sim, que não me dirigi ao Carlos, como não me dirigi a ninguém deste blogue (contrariamente ao que agora faço). Acrescento não ter lido os postes do Carlos sobre o assunto -- e com os quais discordo, em absoluto -- e que só hoje me dei conta da troca de galhardetes com o Maradona (que invariavelmente vai muito bem). Seja como for, participando eu num blogue onde o Carlos escreve (eu, geralmente, apenas participo), e onde o próprio Carlos me agraciou, não há muito tempo, e sem me conhecer de parte nenhuma, com uma lição de moral (bem vinda, diga-se, pois gosto muito de o ler), confesso que me sinto no mais perfeito direito de lhe dirigir a palavra. Espero que isto te faça sentido, Carlos, dado que terei o maior gosto em conhecer-te pessoalmente, gordo ou magro, sem mal-entendidos por esclarecer.

5. Faltando de mínimos olímpicos: afinal porque standards internacionais são os meus caros amigos avaliados nas V. ocupações habituais? 

6. Ainda há pouco tempo ouvi o treinador de um atleta algo conhecido dizer que este último tinha, não raras as vezes, que ser arrancado da cama para ir treinar. Informação que o próprio atleta prontamente confirmou. Tratava-se de Michael Phelps. Palavras não passam disso.

 

Um abraço a todos e good sportsmanship . 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Joaquim Simões a 23.08.2008 às 00:33

Caro Jacinto Bettencourt:
Fiz uma chamada para os dois posts que escreveu sobre este tema em outros tantos que publiquei no meu blog, Portugal e Outras Touradas, que se encontra na lista (Vá Passear) do 31 da Armada.
Os meus parabéns.
E um abraço.
Joaquim Simões
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De Jacinto Bettencourt a 25.08.2008 às 11:25

Muito obrigado.

Cumprimentos,

JB

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