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Vamos a eles

por Francisco Mendes da Silva, em 28.08.08

(publicado no blog da Atlântico)

 

Tenho tentado manter-me desatento ao processo eleitoral americano, para não deprimir com aquela interminável orgia tacky. Todo o fenómeno não passa de um exercício de fulanização e messianismo, simplismo e maniqueísmo, discursos fátuos e manipulação publicitária, devidamente embrulhado numa embalagem espectacular mas repugnantemente pirosa (o dia de ontem na convenção democrata, então, foi de antologia). Este Verão estive pela primeira vez em contacto prolongado com a Fox News e confesso que me vi obrigado a puxar o vómito para evitar ter de puxar do revólver. Na política, a emoção deve servir para debater as ideias, não para a elas se substituir. Wilde tinha razão: a América viajou directamente da barbárie para a decadência sem passar pela civilização. 

 

No entanto, quando as coisas começam a aquecer e a Dona Madonna começa a fazer negócio com comparações filhasdaputa, a clubite toma conta de mim. Go, Johnny, go, go, go.

 

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Francisco, não confundamos a discussão político-intelectual (a das revistas e dos think-tanks) com o exercício da política. Neste último aspecto, a Europa teria muito a ensinar aos EUA, caso estes não estivessem tão absorvidos no seu fogo-de-artifício umbiguista e cacofónico.

 

Com todas as falhas que lhe reconhecemos, a Europa ainda mantém um discurso político satisfatoriamente enxuto de alguns elementos que lhe são estranhos. Por exemplo, ainda se discutem mais as ideias do que as qualidades pessoais. O carácter, os hábitos privados e uma família sorridente não são por cá, felizmente, categorias políticas (e não preciso de lembrar a intensidade e o tom com que se discutiu o affair de John Edwards, pois não?). Claro que há desvios. Mas esses comportamentos são tratados em público precisamente como tal: excepções à regra - praticados, aliás, por políticos pouco considerados.

 

Mas já que referes a Convenção do Partido Democrata, elucida-me: que ideias originais, concretas e inspiradoras têm de lá saído? Que substracto pode um céptico (seguramente incauto) como eu recolher?

 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Dutilleul a 29.08.2008 às 00:51

oops!
"carácteres" e não "caracteres"...

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