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A existência de um Estado, e de um governo, pressupõe “objectivos redistributivos e de engenharia social”. Engenharia, no sentido de desenvolvimento progressivo da sociedade. Como não me passa pela cabeça discutir a existência de um Estado podemos discutir as ferramentas e o modelo que o Estado utiliza para o fazer.
De resto, sobrou muito pouco da intervenção estatal que deu origem à Fannie Mae e à Freddy Mac. Para garantir a coerência doutrinária do modelo económico liberalizou-se o mercado e abriu-se o capital a privados. Em nome da coerência doutrinária privatizaram um monopólio. Em nome da coerência doutrinária – ou devo dizer dogmatismo doutrinário - os novos accionistas herdaram o monopólio sem herdarem as preocupações de serviço público que o justificavam. Para o Estado e para o país, a Fannie Mae e a Freddy Mac deixaram de ter utilidade e passaram a ser um problema. Daí o meu poste.
Podemos discutir a forma como o estado “saiu” de um mercado que antes não existia. Quando falo de “falência do modelo”, refiro-me ao dogmatismo doutrinário que privatizou um monopólio. Mas também me refiro à demissão do Estado, do seu papel regulatório e fiscalizador, que conduziria ao subprime.
Mas acho que percebo o que queres dizer. A criação das duas empresas está na origem do problema. Se os Estado Unidos tivessem sido fieis à pureza liberal nada disto teria acontecido porque a Freddy Mac e a Fannie Mae simplesmente não existiriam. Pois. E se a galinha não tivesse posto o ovo ninguém o tinha deixado fora do frigorífico para o gato o atirar ao chão.
Uma última nota sobre o papel das falências. Têm um papel regenerador do sistema? Admito que sim. Como os incêndios têm o condão de limpar as florestas da matéria morta e de alimentar as terras cansadas de férteis cinzas.
Só que em vez de árvores estamos a falar de pessoas. pessoas que precisam de trabalho e de dinheiro para comer. Aquelas que justificam a existência de um estado e de um governo. Ups. Voltámos ao princípio da conversa.