Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A escolha de Sarah

por Henrique Burnay, em 12.09.08

Pitbull with lipstick

 

Há seis meses atrás, numa reunião de republicanos conservadores e libertários, em Atlanta, dificilmente se encontrava um que acreditasse na possibilidade de vitória nas presidenciais. Entre o Iraque, a economia e o descalabro orçamental de Bush, ninguém via saída. Hoje a situação é bem diferente. John McCain é reconhecido como alguém que pensa e age de acordo com as suas convicções, capaz de contradizer o seu partido e de fazer acordos com o outro lado da barricada com enorme facilidade. Nestas eleições, isso, a sua experiência e a admiração pela sua história de coragem e honra eram as suas mais-valias. Um dos seus problemas, no entanto, é que os mais conservadores entre os republicanos não se reviam nele e não acreditavam na sua possibilidade de vencer. Razões suficientes para lhes faltar entusiasmo e vontade de ir votar. E são necessários votos para ganhar eleições. Ao escolher Sarah Palin Mc Cain resolve esse problema. Ela não muda a percepção que a América tem dele, mas consegue entusiasmar os mais conservadores, sem embaraçar a candidatura. Por muito que a esquerda tente, a imagem de uma Sarah Palin cavernícola e de crucifixo na mão não colhe. Palin foi escolhida por ser e representar as mulheres que trabalham, são mães de família, enfrentam combates e são conservadoras. Há muitas. Pitbulls com batôn. Simples.

 

No Meia Hora de hoje.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Sem imagem de perfil

De Lionheart a 12.09.2008 às 10:22

Reparei na reacção dos populares que os candidatos cumprimentaram ontem no local da tragédia do 11 de Setembro e as pessoas foram mais calorosas com McCain que com Obama. Alguns polícias e bombeiros até colocaram pins na sua lapela. É uma amostra pouco significativa, mas sendo em Nova Iorque, território democrata (se bem que Hillary Clinton ganhou lá a primária com uma "cabazada"...), é encorajador para os republicanos.

Com a escolha de Palin, McCain já não precisa de andar mais atrás dos republicanos mais religiosos. A partir de agora está mais à vontade para ser na campanha o que sempre foi como político: um republicano de centro-direita. Um homem que não vai alterar a lei do aborto e não tem problemas em ir a um programa televisivo como o da Ellen DeGeneres, por exemplo. Depois do ultramontanismo social de Bush, é muito saudável que a direita americana volte a ter um presidente que não usa as questões de costumes para dividir a sociedade americana e ganhar eleições à custa de um eleitorado que tem muito peso (infelizmente) no GOP, mas é minoritário no país. A fórmula de Karl Rove, que reelegeu Bush, não é aplicável nesta altura. Por isso mesmo o partido percebeu que McCain era o único republicano elegível. E se eles têm boas hipóteses de "reter" a Casa Branca é precisamente pelo efeito McCain, porque tanto o partido, como Bush são muito impopulares. Pena foi McCain não ter sido logo nomeado em 2000...

Imagem de perfil

De Henrique Burnay a 12.09.2008 às 10:36

Ah, sim sim, em 200 é que era. Mas mais vale tarde que nunca. E pode ser um paso na reforma do GOP. É por isso que Palin merece crédito. Se McCain quisesse um conservador cavernícola também o teria ecnontrado.
Sem imagem de perfil

De Lionheart a 12.09.2008 às 11:21

Pois. Imagine-se que McCain escolhia Romney para VP. Perdia as eleições de caras.

É verdade que o GOP está demasiado homogénio, no mau sentido. Num país cada vez mais diverso e multiracial, e em que as mulheres, felizmente, têm cada vez mais peso político, ou eles começam a moderar o programa e a incluir mais pessoas, sem ser os "WASPS", ou estão tramados. O conservadorismo é transversal à sociedade americana. O fanatismo religioso dos evangélicos do sul é que não é. Por isso é preciso um McCain na Casa Branca para "desencalhar" a direita americana.

Comentar post