por Rodrigo Moita de Deus, em 22.09.08
De todos os argumentos anti-liberais, o mais extraordinário - e nojento, também - é aquele que coloca no socialismo e na social-democracia o monopólio do “humanismo” e das “preocupações com os mais desfavorecidos”. Ser liberal, para o “humanista chic”, é não ter coração, é estar dominado pela “insensibilidade social”, é desconhecer os problemas do portuguesinho. Curiosamente, muitos destes “novos preocupados” são tipos abastados, cuja “preocupação social” se esgota na escrita blogosférica, não fazem a mínima ideia do que é o “país real”. A maioria dos Insurgentes que eu conheço vive mais próximo do país real e das suas dificuldades que todo estes “humanistas caviar”, que agora, em pânico, descobriram a compaixão e a preocupação pelos “coitadinhos”.
Já antes Rodrigo Adão da Fonseca tinha dado provas sobre o seu conhecimento do “país real” quando lembrou de forma comovente os milhares de funcionários que ficaram no desemprego:
Quem vai sofrer as consequências da falência são os accionistas, ou quem apostou em produtos da Lehman, com risco.
Muitos fornecedores vão perder o seu cliente. Agora, o risco é isso mesmo, é a possibilidade de o negócio não ser maximizado e, no limite, ir ao charco. Só negociou com a Lehman quem quis. Ficava preocupado se a falência não tivesse ocorrido, e entretanto os depósitos desaparecessem: aí sim, haveria uma falha de mercado, teria havido lacunas no exercício da regulação. Agora, numa falência?
Que se lixem os funcionários. Só trabalhou na Lehmans quem quis.