O "engenheiro" anda a distribuir portáteis nas aulas. Acho bem, não votei nem votarei nele mas isso não me inibe de reconhecer as boas medidas. Mas distribuir computadores deveria ser apenas o início duma nova era no ensino em Portugal. Será que vai haver coragem para, por exemplo, acabar com os livros escolares em papel e fazer REAL USO da tecnologia distribuída que permitirá o download de versões.pdf e outras mais interactivas dos mesmos manuais, a custos certamente mais reduzidos? Além do custo ambiental de toneladas de papel que deixam de ser necessárias produzir. Haverá coragem para fazer com que o ensino obrigatório seja realmente gratuito e essa aquisição de manuais em versão informática ser feita às editoras não por cada família mas por cada escola? E cada escola no âmbito da sua autonomia depois fornecer aos alunos tais conteúdos, desonerando as famílias do custo brutal que se tornaram os manuais escolares? Cheira-me que não haverá coragem para nada disso, isso implica afrontar um lobby económico poderoso e não dá direito a aberturas de telejornal...
O Regime Jurídico dos Manuais Escolares em vigor (aprovado pela maioria socialista) é muito recente. Foi uma Lei que impôs um regime de certificação prévia obrigatória burocrática e centralizada no Ministério da Educação, tendo sido nomeadas dezenas de equipas para avaliar os manuais.
Foi um processo em que as oposições apresentaram as suas propostas muito antes do Governo e esperaram mesmo vários meses até que o Conselho de Ministros apresentasse a sua Proposta de Lei.
Uma proposta do PSD preparava a Lei para o futuro desejável sobre o qual escreveu. Propunha-se então um artigo sobre "Conteúdos electrónicos", com a criação de bases de dados de conteúdos recorrendo, designadamente, "a contributos de diferentes autores e editoras, através da cedência dos respectivos direitos".
O Partido Socialista votou contra. Hoje voltamos a ver os pais nas filas e a digladiarem-se pelos manuais dos seus filhos, pagos com muitas dificuldades.