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Wild Wild West

por Gonçalo Capitão, em 24.09.08

Tenho a sensação de que, nos dias que correm, acordamos com o noticiário, tendo uma única dúvida: quantos postos de gasolina assaltados, quantas dependências bancárias pilhadas, quantos carros roubados aos condutores (carjacking) ou quantos casos de corrupção insinuados ou divulgados?…


Seja em relação à integridade física ou em relação ao património, o receio apodera-se dos portugueses, e com razão.

A abordagem mais comezinha, mas nem por isso inteiramente descabelada, é a que responsabiliza os media pelo alarmismo crescente. O conflito de valores é, à partida, interessante: de um lado a missão da comunicação social, que é informar; do outro, a necessidade de paz social e a de não empolar fenómenos criminosos, o que, a mais de glorificar o acto ilícito, pode gerar imitação.
Porém, como para tudo na vida, também aqui pode encontrar-se um meio-termo, aceitando-se a primazia noticiosa, mas apelando aos directores e proprietários dos media que não se cinjam a vender informação como uma qualquer mercadoria, explorando as emoções mais básicas dos cidadãos (já bem basta o escabroso e nojento programa “Momento da Verdade” apresentado por Teresa Guilherme, na SIC, que compra a intimidade mais recôndita dos espíritos fracos que aceitam participar; porém, a este tema viremos mais tarde...).

O segundo pensamento que me aflora a este respeito tem a ver com as forças de segurança, que, em Portugal, são sempre o vértice mais vulnerável do triângulo criminoso-vítima-autoridades. De facto, muito fazem as nossas polícias e a GNR, se virmos que sofrem de sub-equipamento crónico e recebem salários magros, se comparados com o risco que correm. Acresce que, mercê de um sistema penal “macio”, não são raros os relatos de agentes da autoridade a acabarem de preencher formulários num qualquer tribunal e a terem que aturar o escárnio de delinquentes que recebem ordem de soltura quase instantânea… Bastava ler o editorial do Público, ontem, que mencionava três casos eloquentes: na Guarda, o do sujeito a quem foram apreendidos 42 detonadores, 6 cartuchos de explosivos, armas de fogo, munições e fio condutor lento. Em Portimão, o do indivíduo que entrou numa esquadra para balear outro. E ainda um terceiro caso sobre um ladrão de automóveis que chegou a alvejar o carro da GNR que o perseguia.

Se a coisa parece malparada, deixem-me que vos diga que o primeiro ficou sujeito a mera apresentação às autoridades, de dois em dois dias. O segundo também teve que carregar com essa cruz que foi ser libertado e ao terceiro coube a árdua pena de apresentação diária...
Isto é mau, e agrava-se quando, em face da necessidade do uso legítimo da força, aparece um qualquer Louçã desta vida a falar de violência policial, mesmo sem curar de saber da proporcionalidade da mesma.

Por fim, creio que, com um ou outro caso de imigração descompassada e indevidamente tolerada, a vaga de crimes também reflecte o sub-insvestimento na segurança interna e um explosivo cocktail de miséria e de pobreza envergonhada (tenho testemunhado vários casos) que o nosso ingovernável País começa a albergar, diante da ineficácia de uma classe política a quem não falta farta mesa e dinheiro para pagar a casa. O problema é que, atrás desta grave míngua, vêm outros problemas, como a da tentação medieval de justiça popular, como, ainda ontem, sucedeu na Moite, em face de um ataque a jovens do concelho, por parte de um bando estimado em 30 marginais.

A solução é óbvia e dúplice: combater as causas sociais de exclusão e reforçar o ordenamento jurídico e securitário. Todavia, fica a incógnita: estaremos preparados para a perda de privacidade e para a contracção de direitos que esse aumento de autoridade do Estado e de violência autorizada implicam?... Também aqui, não há bela sem senão e, sendo nós o ponto mais Ocidental da Europa, creio que estamos bem neste "faroeste"!...


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De al kantara a 24.09.2008 às 16:20

Mas o uso da violência pela polícia não está já autorizada, desde que cumpra o princípio da proporcionalidade ? Já agora, se pudesse explicitar essa "perda de privacidade e contracção de direitos" que decorre do proposto "reforço do ordenamento jurídico e securitário", agradecia. É que assim é muito vago...
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De Gonçalo Capitão a 25.09.2008 às 10:29

O que pretendia dizer é que qualquer reforço da repressão aumenta o risco de danos colaterais.

Por absurdo: o estado de sítio "imobiliza" mesmo quem nada tem a ver com a agitação.

Mais ligeiramente, a video-vigilância filma mesmo quem não assalta.

Ou ainda: mais armas a disparar, mesmo que policiais, aumentam o risco de balas perdidas.

Só isso...
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De irene osorio a 24.09.2008 às 17:11

E o caso dos policias (2) que foram atacados, desarmados e tiveram de receber tratamento hospitalar depois de mandarem parar um condutor que seguia sem cinto e segurança?
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De Gonçalo Capitão a 25.09.2008 às 10:30

Aí, se bem via as notícias, entra o factor da Moita, onde também houve risco de fazer rebentar outra bomba: a culpabilização das minorias étnicas...
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De Zebedeu a 24.09.2008 às 23:38

BARRIL DE POLVORA DA IMIGRAÇÃO ILEGAL EXPLODE EM ITÁLIA
Já que aborda no seu post, muito ao de leve, as consequências da imigração ilegal nos crescentes niveis de criminalidade, chamo a atenção para a forma como esse barril de polvora que é a imigração ilegal explodiu há poucos dias atrás numa localidade do sul de Itália, proximo de Napoles.
Tudo começou quando a máfia local matou seis membros de um bando de imigrantes africanos que tentava rivalizar com ela no tráfico de droga.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7626099.stm

Depois o barril de polvora que em Itália, como no resto da Europa, é a imigração ilegal, explodiu, e desencadeou-se a onda de violencia e vandalismo que se vê nestes videos e nestas fotografias
http://video.sky.it/videoportale/index.shtml?videoID=1799157921
http://it.youtube.com/watch?v=WKNEu1OIprE&feature=related

http://www.repubblica.it/2006/05/gallerie/cronaca/camorra-protesta/4.html
http://multimedia.quotidianonet.ilsole24ore.com/?media=9806&tipo=photo&id=201932&cat_principale_page=1&canale=0&canale_page=1
http://tnzncommunity.blogspot.com/2008/09/maandamano-ya-waafrika-baada-ya-mauwaji.html
http://www.repubblica.it/2006/05/gallerie/cronaca/camorra-mattanza/1.html

http://tnzncommunity.blogspot.com/2008/09/victims-of-thursday-massacre.html
http://tnzncommunity.blogspot.com/2008/09/saturdayambassador-of-ghana.html

Silvio Berlusconi vai agora enviar, para a região onde se deram os confrontos, destacamentos das forças armadas italianas, numa tentativa de pacificar a região. Talvez devessemos seguir esse exemplo nalgumas zonas de Portugal.
http://news.sky.com/skynews/Home/World-News/Italian-Government-Sends-In-500-Soldiers-To-End-Crisis-Sparked-By-Murders-Blamed-On-Mafia/Article/200809415105543?lpos=World_News_First_Home_Article_Teaser_Region_0&lid=ARTICLE_15105543_Italian_Government_Sends_In_500_Soldiers_To_End_Crisis_Sparked_By_Murders_Blamed_On_Mafia
http://www.voanews.com/english/2008-09-23-voa35.cfm
http://www.breitbart.com/article.php?id=080923123628.lp4nwjz7&show_article=1
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De Gonçalo Capitão a 25.09.2008 às 10:32

Pois é... Muito oportuno!
E será que os italianos afectados não apoiam?!
O meu receio é que, se tivermos que ir por aqui, o BGig Brother fique excessivamente musculado.
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De blogdaping a 25.09.2008 às 14:34

Ui ..... que medo ... de tantos músculos... !!

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