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Em 2003, colocavam-se duas hipóteses viáveis para o Iraque:

1) Não invadir e ajudar o regime a cair por si, ou
2) Invadir e colonizar.

Qualquer coisa no meio, como se veio a provar, era irrealista. Porquê? Porque o Iraque é - ou antes, era - um Estado multinacional. Um Estado multinacional onde as três nações existentes não têm qualquer predisposição para conviver pacificamente umas com as outras. Xiitas contra sunitas, sunitas contra curdos, todos contra todos.

Ao acabar com o Estado, não substituindo a mão de ferro de Saddam por outra igualmente dura, os EUA abriram caminho para a guerra civil e para as vinganças entre as diferentes nações que habitam o território iraquiano. A única forma de ter evitado isto era, goste-se ou não, colonizando. Colonizando à séria. Com todas as armas e todos os homens necessários.

Sucede que, hoje, o colonialismo é deveras desgastante e geopoliticamente incorrecto. Carissímo e desmoralizador. Cada soldado morto na colónia é "nem mais um soldado para a colónia". No século XXI, nenhum país Ocidental - nem mesmo a América, o mais altruísta entre todos - está disposto a desgastar-se numa aventura imperial. As opiniões públicas e publicadas do Ocidente, habituadas a um elevado grau de conforto e qualidade de vida, estão-se nas tintas para o que se passa num país distante, habitado por aquilo que qualificam de selvagens. Pelo que, das duas hipóteses viáveis, fica apenas uma.

O Erro foi a invasão. O que se seguiu é mera consequência da invasão. As soluções de que agora se fala não são "soluções para o Iraque", mas antes tentativas de resolver ou atenuar um erro original chamado "invasão". Oxalá resultem.