O programa dos maiores ou melhores portugueses interessa-me tanto quanto os Morangos com Açúcar ou o Jornal da TVI. Acho curioso, deve querer dizer alguma coisa, mas não me estimula muito. Problema meu, calculo. E quando vir a Clara Ferreira Alves mascarada de Pessoa ou o Dr. Portas a fazer de D. João II até posso mudar de opinião. Entretanto, interessam-me os detalhes.
Na apresentação desta última fase, Maria Elisa, que é suposto não ser idiota, vira-se para Jaime Nogueira Pinto, que defende a escolha de Salazar, e diz (do próprio Nogueira Pinto): “é um homem de coragem”, acrescentando qualquer coisa como “não o impressiona que seja escolhido como o melhor português alguém que não desejava a Democracia?”.
Antes mesmo, a Odete Santos, que considera Cunhal o maior ou melhor ou lá o que é, Português de sempre, disse apenas que a própria (Odete) era a pessoa mais indicada para defender Cunhal. "Por ser actriz" e mais não sei o quê.
Esta coisa de achar que Salazar foi um torcionário e Cunhal um motivo de curiosidade e encantamento não é apenas grave, é sintoma de imbecilidade.
Salazar não merece ser considerado nem o maior nem o melhor nem o mais fascinante dos Portugueses. Mas Cunhal também não, e por tantas ou mais razões até. Nem que fosse pelos diferentes papéis desempenhados na História. E em matéria de campeões da Democracia ali presentes (figuras históricas, quero eu dizer), temos uma quantidade delas, a começar por aquele senhor Afonso.
Ah, calma, parece que Maria Elisa corrigiu e disse, sobre Salazar e a democracia: “sim, mas na década de setenta…” De facto, na década de setenta Salazar já devia defender a Democracia. Isso e a exumação de cadáveres.
E a propósito. Que a senhora dona Maria do Carmo Seabra seja incluída na lista dos cem mais, só revela como os sindicatos dos professores são mesquinhos. Nas aulas devem dizer que é uma pena a televisão não falar da História, da Cultura, dessas Coisas. Na hora de votar, acham que assim achincalham a ministra. Bravos.