Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A CAUSA

por Rita Barata Silvério, em 19.01.07
Henrique, dizes que votas não porque "esta Lei que aceita excepções que compreendo, mas recusa liberalizações sem causa". Ai, a causa. Claro que a vontade de uma mulher não é uma causa suficientemente válida quando se confronta com a potência de uma vida. Pois. Deixa estar. Se o NÃO ganhar podes ficar descansado: o inocente será salvo, o Estado não pagará assassinatos e todas essas mulheres que abortam poderão continuar a fazê-lo em Mérida. Sem causa, claro está. Porque uma mulher, quando aborta, é porque está na boa, nem sequer tem uma razão aparente para o fazer. Pronto, parece que há umas quantas miúdas de treze anos, analfabrutas e sem mínima capacidade intelectual para educar um filho que engravidam, o que é chato, mas isto não me parece uma causa sólida para abortar. Também há aquelas que acabam de separar e nunca trabalharam, ou as outras a quem a pílula não funcionou, ah!, e umas que simplesmente não querem ser mães. São só mulheres sem causa que merecem ser punidas por esta Lei que tanto gostas.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Imagem de perfil

De Henrique Burnay a 19.01.2007 às 17:45

Rita, conheço, compreendo e não concordo com essa argumentação.
O que distingue a nossa argumentação é evidente: eu acho que o que está em causa justifica que o aborto só seja aceite como excepção, em circunstâncias excepcionais. Até às dez semanas, seja porque motivo for (não distinguindo a leviandade da aflição, a maldade da surpresa, o pânico do egoísmo, a dificudlade económica do desespero - note-se que a minha lista de hipóteses é larga, não se fique pela leviandade que tem outro significado para além do que vão querer dar), não me convence. É só isso.
Podia continuar, perguntar se o Homem não tem papel nessa história, se um pai não pode querer ter um filho (já que tem obrigações - e bem - quando a mulher decide tê-lo), podia perguntar, afinal, quantos casos não teria sido julgados se esta Lei estivesse em vigor ou perguntar o que pensam os liberalizadores da sanção penal após as dez semanas (afinal aí o Tribunal já não é um horror?). Mas não é por aí que vou. O que digo, insisto é que neste referendo está em discussão é saber se, para além das causas previstas na actual Lei, uma sociedade deve liberalizar o aborto (não me usem eufemismos, o que está em causa é isso) até às dez semanas. Acho que não.
Rita, sobre Mérida ou Badajoz, desculpa, mas isso não é um argumento que me sirva. "Ah, mas há quem faça". Pois e há paraísos fiscais e nem por isso abolimos os impostos, e há crime e nem por isso o legalizamos, e e e... Afinal, estamos a discutir a bondade da solução ou a sua inevitabilidade?
Compreendo-te, mas não concordo contigo.

Comentar post