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A CAUSA

por Rita Barata Silvério, em 19.01.07
Henrique, dizes que votas não porque "esta Lei que aceita excepções que compreendo, mas recusa liberalizações sem causa". Ai, a causa. Claro que a vontade de uma mulher não é uma causa suficientemente válida quando se confronta com a potência de uma vida. Pois. Deixa estar. Se o NÃO ganhar podes ficar descansado: o inocente será salvo, o Estado não pagará assassinatos e todas essas mulheres que abortam poderão continuar a fazê-lo em Mérida. Sem causa, claro está. Porque uma mulher, quando aborta, é porque está na boa, nem sequer tem uma razão aparente para o fazer. Pronto, parece que há umas quantas miúdas de treze anos, analfabrutas e sem mínima capacidade intelectual para educar um filho que engravidam, o que é chato, mas isto não me parece uma causa sólida para abortar. Também há aquelas que acabam de separar e nunca trabalharam, ou as outras a quem a pílula não funcionou, ah!, e umas que simplesmente não querem ser mães. São só mulheres sem causa que merecem ser punidas por esta Lei que tanto gostas.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De RAF a 19.01.2007 às 18:35

Rita,

Repito aqui o post que publiquei no Blue Lounge(http://blueloungecafe.blogspot.com/2007/01/liberdade-de-escolha.html):

"O Miguel Vale de Almeida e o Carlos Abreu Amorim defendem que a despenalização do aborto é a única que salvaguarda os valores específicos de quem subscreve o Não e o Sim.

Julgo, porém, que não é isso que está em causa no próximo referendo.

Todos temos a possibilidade de gerir a nossa sexualidade livremente, não havendo, nos nossos dias, restrições legais à autodeterminação e ao uso do corpo. Uma relação heterossexual tem, contudo, associada a possibilidade de gravidez. O que se deveria discutir é se uma vida em estado de formação deve ou não merecer a tutela jurídica, se deve ser protegida; ou se, pelo contrário, poderá ser objecto de disposição de uma decisão pessoal da mãe.

Eu, da minha parte, tenho uma enorme dificuldade em aceitar que o arbítrio individual possa ser suficiente para interromper o processo natural de formação de uma vida humana, já em curso (aquilo que se chama liberdade negativa ou autodeterminação natural). Restringe a liberdade de escolha? Talvez. As liberdades negativas condicionam sempre a acção de terceiros. Mas esta é uma limitação apenas temporal. A penalização do aborto conduz a um maior equilíbrio entre vontade, responsabilidade, e direito à vida, remetendo o exercício incondicional do arbítrio para um momento anterior à concepção.

Apela-se ao uso responsável da sexualidade humana. Apenas e só."

Rodrigo Adão da Fonseca

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