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Ao trazer para a sua agenda política «a remoção das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo», José Sócrates procura, de uma assentada, tirar eleitorado à esquerda e gerar divisões à direita.
Se pela esquerda o unanimismo destoa apenas quando se discute quem pode ou não adoptar, à direita vozes libertárias entendem que o Estado não tem o «direito de nos dizer (...) com quem podemos casar». Ora, em tempo de crise como a que vivemos hoje, os partidos à direita devem ser firmes na defesa da família como unidade de estabilidade social.
A liberdade é uma marca da direita e não deve ser usada displicentemente. Existem novas realidades sociais, é certo. Precisamos de reformular os contratos civis, concordo. Mas, como escreveu bem Filipe Anacoreta Correia, não podemos «sucumbir ao experimentalismo social de esquerda» e correr a tentar todo os modelos familiares 'modernos', pois correríamos o risco de destruir a instituição família e, com ela, a base de sustentação da nossa sociedade.
Se, como justifica José Sócrates na sua moção, o que se pretende «é o combate a todas as formas de discriminação», então removam-se as «barreiras jurídicas» à realização de casamento entre várias pessoas de sexo diferente ou igual (já tanto faria). Defenderemos a liberdade dos poligâmicos constituir o seu harém e chamar-lhe família? E um grupo de amigos que se junta para jogar à bola aos domingos de manhã é uma família? Nos copos, à noite, a 'gera' (geralmente até muito machola) emociona-se, abraça-se e comove-se; é família?