por Tiago Geraldo, em 29.01.07
As companhias têm causado sensação neste referendo. O Rodrigo e o Paulo não gostaram das bandeirinhas do Pedro Marques Lopes e indignaram-se com as
más companhias do Vasco Rato. O Pedro respondeu com uma caterva de idiotas inúteis chamada PNR. O
Jorge Ferreira foi - e bem - sobejamente lembrado.
Devo confessar que o fenómeno das «companhias» neste referendo não me escandaliza absolutamente nada (nem descubro quaisquer intenções sub-reptícias de legitimação política por parte de seja quem for), ainda que a «dissidência» do Não à direita - deve-se dizê-lo - seja incomparavelmente mais notada e criticada do que no lado contrário em relação à «dissidência» do Sim (talvez porque no lado do Não ainda não tenham havido grandes surpresas nessa caminhada heróica pela Vida – sempre com maiúscula).
Sabemos que a decisão no próximo referendo é uma questão que atravessa os partidos, que não é de «esquerda» nem de «direita» - coisa tão vazia e inconsequente que os importantões cá do burgo se fartam de repetir abundantemente.
Mas não passa ao lado de ninguém que com este adeus às armas entre pessoas que se encontram normalmente em campos políticos opostos (tudo em prol da tal «questão transversal») se têm promovido algumas falsas canonizações e alguns reconhecimentos de humanismo - como dizer? - embaraçantes. Ainda que não possamos com isto soltar foguetes à paz perpétua e à fraternidade universal, não há, atenção, rigorosamente nada a criticar no facto de que pessoas habituadas a diabolizações recíprocas convivam agora pacificamente. Mas continua a não ser fácil imaginar que aqueles que durante anos vergastaram a possidente e exploradora e imperialista direita liberal reconheçam agora em alguns dos seus espécimes (eu incluído) um q.i. aceitável, alguma dose de bom senso e a extravagante capacidade de articular três letrinhas sensatas.