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Rodrigo, embora a expressão possa parecer ligeiramente «engajada» não consta que tenha sido baptizada por nenhum barbudo.
Como já disse no Blogue da Atlântico, ainda que determinado crime se revele conforme a uma dada opção moral, é necessário que à conduta criminalizada corresponda uma «reprovação ética geral» (fundada na tal consciência social dominante que não é obviamente confundível com a rousseauniana «vontade popular»).
Confesso o meu fetichismo com alguma extrema-esquerda e a tendência para criticar o marxismo na fnac, nas casas de banho públicas e no parlamento. Mas parece-me despropositado praticar e desenvolver esse fetiche neste momento.
A questão básica começa e acaba aqui: se somos pluralistas devemos ser contra incriminações que tenham por base um juízo moral que não reúne consenso da sociedade. E não me parece que este tipo de afirmações possa ser considerado sintoma de relativismo. Aproveito para dizer «qualquer coisa de direita» e cito a meu favor John Kekes, um autor certamente benquisto entre as hostes cá de casa, para lembrar que um estado relativista tenderá a defender que todos os valores são dependentes do contexto. Para o Estado relativista é a própria pluralidade dos valores, associada à dependência destes valores de um qualquer contexto, que «exclui a possibilidade de crítica e justificação objectiva». O que torna o pluralismo diferente de outros «ismos» é a rejeição partilhada por monistas e relativistas que só um valor incondicional pode ter autoridade moral, racional e independente do contexto. Neste referendo, para muito boa gente, o único valor ponderável é o Bébé-que-mexe-e-dá-pontapés. O contexto não entra nas contas. Essa absolutidade é profundamente contrária à mais elementar noção de pluralismo que devia ser dado adquirido nas nossas sociedades.
E não me parece que a importância do «pluralismo» tenha sido anunciada pelos amanhãs que cantam nem pelo farto couro cabeludo do dr. Vital Moreira nos loucos anos da Revolução.
(actualizado)