Não acho a pergunta assim tão boa, mas de facto não é por acaso que não teve resposta. Aquela coisa de não deixarem usar a internet nos aviões é ligeiramente castradora. Censória, quase.
Não me parece que seja muito difícil distinguir um programa de humor de um programa de análise política. São diferentes. Mas se for difícil perceber que não é por haver um programa de comentário político que o “outro também pode dizer o que pensa”, eu tento explicar mais devagar: as meninas da metereologia também são capazes de ter as suas opiniões sobre a política e o Mundo, mas ninguém acharia razoável que as dessem entre uma previsão de chuviscos e um anúncio de trovoada. Portanto, essa coisa de se um pode o outro também, falha na definição. Mas acerta no que revela. E, agora sim, retomo a conversa com o Nuno Ramos de Almeida. O único problema daquilo é que tento tido graça, não era apenas humor, era intervenção política. Ora, eu não pedi nem me parece razoável pedir, que o humor seja equilibrado, bem distribuídos para os diferentes lados, um dia sobre o Sporting no outro sobre o Benfica, de maneira que não me defendo de uma acusação que não me pode ser feita. Adiante. O que disse, e com isto encerro, é que aquilo foi intervenção política (aliás, se não tivesse conteúdo político e fosse apenas humor o BE não tinha importado o vídeo, como é óbvio). O resultado – e este detalhe é relevante, Nuno, - é que eu, vulgar espectador da RTP e regra geral fã do Gato Fedorento, não gostei. E se não gostar muitas vezes, deixo de ver. Ou não. Tal como tu, não acho que as opiniões politicas de um artista sejam a coisa mais relevante. Se fossem estava tramado. Ou passava a amar a Cuba de Fidel, ou execrava os livros do Saramago. Nem uma coisa nem outra. Bem pelo contrário.
E agora a segunda parte. Eu – mas eu não sou artista – acho que num canal público há critérios que se devem seguir com particular cuidado: um deles é não usar esse espaço para fazer campanha política em período eleitoral (não distinguir isto de gozar com Stalin é um pouco bruto), se esse espaço não for de intervenção política (chamem-lhe o que quiserem, e lembro-me de umas virgens no tempo do ministro não-sei-quantos - não me lembro mesmo do nome do homem - de Santana que se queixou de Marcelo, mas tanto Marcelo como Vitorino estão ali na qualidade de partes interessadas) Mas, dizia, não usar esse espaço para intervenção política em tempo eleitoral é, digamos, mais avisado. Goza-se com tudo e mais alguma coisa, mas intervenção política, acho que é de evitar. Não vá alguém perguntar, mas eu pago-lhe para fazer humor ou tempos de antena?
Resumo, e da minha parte termino: Teria dado um excelente tempo de antena, deu um mau momento de um programa de humor. Eu, que tenho todos os direitos de um espectador, não gostei.
Imagina que agora resolviam desatar a vender sabonetes lux, fazendo excelentes graçolas sobre o plamolive. Eu também não gostava.
De Anónimo a 01.02.2007 às 12:31
é isso, Henrique. não se pode comparar um programa de humor com um de análise política, mas com o da meteorologia, sim. um satirista político (é disso que se trata, ali) pode não ter opiniões? é possível fazer sátira política como quem informa sobre a chuva? é possível fazer sátira política sem fazer uma "intervenção política"? é possível criticar o marcelo sem criticar o marcelo? as meninas da meteorologia fazem sátira política?
outra coisa: não é por se repetir várias vezes uma mentira que ela passa a ser verdade. 1º: criticar uma opinião não é fazer campanha política; 2º o programa passou no domingo à noite. a campanha começou na terça à meia noite.
De Anónimo a 01.02.2007 às 12:35
outra coisa, henrique: o site do bloco também faz link para uma peça da rádio renascença sobre o marques mendes. se calhar é intervenção política da renascença, não? se fosse apenas notícias, o bloco não tinha importado, como é óbvio.