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No congresso que mais invocou a história do partido talvez valha a pena lembrar que o PS tem as conspirações de sótão no seu código genético. Guterres contra Sampaio, Sampaio contra Soares, Soares contra todos. António Costa não é amigo de Sócrates, Coelho não é amigo de Costa, Ferro Rodrigues não é amigo de Coelho e Santos Silva não é amigo de ninguém.
E faz sentido que assim seja.
Mais do que qualquer outro partido o PS é um albergue espanhol, construído com restos e por restos. Com uma estratégia de crescimento baseada em aquisições. Todos vieram de algum lado. Com o seu grupo. Com os seus amigos. Com o seu passado e formação política já feita. Jorge Sampaio veio do MES, Guterres veio dos grupos católicos, Ferro Rodrigues do MES e até José Sócrates veio da JSD. Ex-comunistas convivem com ex-CDS´s. Todos eles se reclamam “socialistas” mas “socialistas” de origem são coisa muito mais rara do que se julga.
O PS, o verdadeiro PS, é um saco de gatos. Muito longe do partido generoso e dócil que vimos em Espinho.
É o efeito Sócrates. Em 2004 José Sócrates tinha problemas com Ferro Rodrigues, João Soares, Mário Soares, Manuel Maria Carrilho, João Cravinho, António Costa ou Manuel Alegre. Ferro foi despachado para Bruxelas. João Soares enterrou-se em Sintra. Mário Soares foi enterrado nas presidenciais. Manuel Maria Carrilho acabou. João Cravinho foi exilado. António Costa afundou-se em Lisboa e Alegre já nem se dá ao trabalho de ir ao congresso do partido que ajudou a fundar. Um a um, os conspiradores de sótão foram arrumados. Quatro anos depois, o melhor que se arranja é um tal de Fonseca Ferreira.
O PS está disciplinado. Arrumado. Como nunca esteve. Fácil. Não morde a mão do dono. Na prática, está castrado.