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Reservar o investimento público à mão-de-obra nacional é um absurdo. Já vários bloggers o afirmaram, e com razão. Simplesmente, não acredito que Manuela Ferreira Leite tenha proposto isso. Não por uma questão de fé, mas por uma questão de boa-fé.
Olhando para as declarações que a líder do PSD proferiu ontem à saída de São Bento, vemos que ela fala de privilegiar "investimento público de proximidade", cujas vantagens enumera: "não tem componentes importadas (...) não tem encargos para orçamentos futuros e (...) utiliza mão de obra nacional". Neste contexto, a expressão mão de obra nacional só pode compreender-se como mão de obra residente em Portugal, e não estritamente como mão de obra de nacionalidade portuguesa.
Aquilo de que Ferreira Leite fala é de escolher um tipo de investimento a priori mais direccionado para a oferta empresarial portuguesa, que recorra pouco a importações - o que está a um universo de distância da discriminação dos imigrantes residentes em Portugal, e mesmo da discriminação de empresas estrangeiras. Por mais que se discorde da sua política económica, é pouco sério acusá-la de xenofobia neste contexto.
Até porque o próprio Governo, ao apregoar as vantagens do investimento público, nunca se esquece de colocar a criação de emprego no topo da lista. Ora eu ainda não vi nenhum socialista explicar aos portugueses que o PS nos está a endividar para criar empregos fora de portas. Duvido que se saísse muito bem.