Desta salganhada de assuntos, aponto dois momentos de cidadania superior em que aparece uma tal Tatiana, heróica defensora dos direitos femininos que para si guarda o direito “de usar burca, abortar ou prostituir-se” e outro da senhora, Samanta, quedefende que não deixará que um filho lhe “leve os anos que tem para beber copos e lhe estrague um futuro perfeito” (seja lá o que isso for).
Eu que vivo da genética avançada, e da biologia molecular, nunca me lembro de ter ouvido falar de confusão nenhuma no que é vida e o que não é. Não é de hoje, mas quando comecei a ter biologia à 15 anos atrás, já era assunto posto, há muitas décadas que a vida era apanágio de todas as células e que começava uma nova vida, a partir da existência de uma nova célula individualizada. No caso dos mamíferos com a fecundação. O que existem são várias etapas e a consideração pela sociedade do valor que têm essas etapas. Como tão bem referiu o Dr. Alexandre Quintanilha, dos mais proeminentes cientistas portugueses e defensor do Sim, quando consideramos pessoa?
Temos a primeira semana, em que a fecundidade não é definitiva, e a definição no número de filhos ainda não foi feita, onde a indefinição celular é total. Temos depois todo um processo de diferenciação celular que dá origem a tecidos, e depois a que se tornam à excepção dos pulmões, funcionais por volta das 8 semanas.
Esta especialização, calcula-se que depois das dez semanas ocorre sobre a forma de tecido nervoso e a tal existência de dor que muitos defendem.
À nascença o bebé finalmente respira e ganha cidadania, por volta do ano e meio, dois anos começa a falar e andar se tudo correr bem.
Desde a fecundação até começar a falar, não se percebe muito bem se ou quando possui consciência. Depois vem a aprendizagem, que culmina com um ser humano adulto, que por sua vez vai dar origem a um idoso muitas vezes com órgão em mau funcionamento e perdas correntes de consciência.
A questão que se põe aqui é o valor que damos a cada uma das etapas. Existem países que censuramos, e que pelo consenso social defendido pelo ZDQ, chegam à conclusão que as crianças, ou as mulheres, ou determinada raça, credo não têm valor. Logo as suas vidas podem ser eliminadas pela vontade, de um homem, de uma instituição ou de um estado. Na Índia, apesar de ilegal é consensual, sobretudo nas regiões mais pobres, que os pais podem amputar os filhos para a mendigagem, só adquirindo estes, direito de usufruir de si próprios na idade adulta, para nós é bárbaro, para eles consensual. É apenas um exemplo. Cada sociedade decide pelo tal consenso assim, quando e como cada vida humana tem direito a existir. Eu tinha ideia que os direitos humanos defendiam para todos.
Bem-haja!
Augusto Emílio