Mas andam todos loucos? Isto é uma questão de bom senso. Nenhum humorista saudável e inteligente faz piadas a gozar com um lado em plena campanha eleitoral, sobretudo quando está associado, e é militante activo do lado contrário. Isso não é humor. E mais grave ainda é que o faça a coberto de um programa de humor, no serviço público - na prática, revela-se como tempo de antena promovido por dois partidários do Sim. A alternativa, para quem tem bom senso, era ridicularizar aspectos particulares das campanhas, ou optar por escárnio manifesto - nos EUA, o escárnio não fica sujeito a quaisquer limites precisamente porque se percebe, de forma clara, que o objecto do escárnio não é real. O que o RAP e ZDQ fizeram foi simplesmente ridicularizar argumentos do não, encapatodamente num skecth que visava gozar com uma personagem pública, e num programa humorístico pago pelo erário público. Não se pedia isenção; pedia-se que não contribuissem, enquanto humoristas - o que fazem como militantes do sim é com eles -, para o tempo de antena. O problema é que os visados sabem distinguir isto. E por isso vão reagir de todas as formas possíveis. Fizeram anseira, e faltou-lhes coluna: essa coluna decide quem tem, ou não tem, creibilidade. Herman, com todos os defeitos, sempre a manteve.