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Aviso

por Paulo Pinto Mascarenhas, em 06.02.07

TV Bloco

Não critiquem os Gato Fedorento porque eles estão acima da crítica. De qualquer crítica que não seja escrita por eles, é claro. Não podem ser criticados porque esganiçam logo aqui d' el rei que estou a ser censurado. É engraçado como um grupo de humoristas tão geniais que criticam tão mordazmente tanta gente - e tão bem, reconheça-se - expondo muita gente ao ridículo mais atroz - estão no seu papel, acrescente-se - se dão a este triste papel de falarem em censura ou tentativa de censura apenas porque alguém se lembra de os criticar.

Aquele choramingar de que um deles enviou um sms a Herman José a dizer que só agora compreendiam o que ele tinha passado, essa então, é para guardar na gaveta das piadas desperdiçadas. Lembre-se que o programa de Herman José foi retirado do ar na RTP por um motivo completamente estapafúrdio (e, para mim, não há nenhum motivo aceitável para se censurar seja o que for). Porque estava a fazer uma série de retratos cómicos de figuras históricas, entre as quais se contava a rainha "Santa" Isabel. Os Gato Fedorento foram criticados por mim e por algumas outras poucas minorias de telespectadores que ajudaram a que a audiência deles atingisse o milhão de espectadores no último domingo. E foram criticados porquê? Porque em plena campanha eleitoral quiseram ridicularizar os argumentos de um dos lados em confronto no referendo ao aborto.

Não foi só o Prof. Marcelo que foi brindado com a caricatura dos Gato, foram todos aqueles que entendem que o "Não" é a verdadeira despenalização e que o Sim representa o aborto livre até às 10 semanas, condenando todas as mulheres que o façam nem que seja um dia depois. Claro que esta é a minha opinião, falível, como outra qualquer. Mas é apenas uma crítica, nunca apelando ou sugerindo qualquer tipo de censura. Bem pelo contrário. 

Recentremos a questão, como diriam os senhores do Prós&Contras de ontem. Não sei o que outros disseram sobre a caricatura de Salazar - alguma desonestidade intelectual de Ricardo Araújo Pereira na confusão entre o que é inconfundível - ou mesmo sobre o episódio da TV Bloco. Eu limitei-me a escrever que achava genial a caricatura que tinham feito de Marcelo e que esperava agora pela caricatura do vídeo de resposta de Louçã, o que teria certamente também imensa graça e demonstraria pluralismo democrático - ou seja, que os Gato não estavam a tomar partido por nenhum dos lados neste próximo referendo. Fui desde logo mimoseado com os mais diversos ataques, certamente de fãs maioritários de RAP.

A verdade é que os Gato estão ainda hoje e todos os dias a fazer campanha por uma das partes. Essa campanha serve aliás de orgulhosa bandeira no principal blogue do Sim e está entre outros vídeos de campanha do sítio do Bloco de Esquerda. Os outros vídeos são partidários, mas não têm obviamente um décimo da graça ou do efeito pretendido. Os Gato podem fazer-se de vítimas de uma censura que ninguém lhes quer fazer - talvez seja mais um modo esperto de subirem nas audiências ou de promoverem o Sim no próximo referendo. Mas a esperteza é saloia e até ligeiramente salazarenta.


PS. Claro que Ricardo Araújo Pereira pode dizer que não me conhece de lado nenhum, como disse ao 24Horas. Pode, mas estará a faltar à verdade se o repetir em relação ao Rodrigo Moita de Deus, bastando ler os comentários de Zé Diogo Quintela a este poste para o saber.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Daniel Marques Pinto a 06.02.2007 às 17:47

Reafirme-se: A caricatura feita pelos GF é dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, seu modo de intervenção na campanha e curioso argumentário. Uma caricatura de Francisco Louçã seria um pastiche deja vu, não muito longínquo do tratamento que tal persona já recebeu do personagem Francisco Trostskã. Que raio de proposta mais sem humor caro PPM! Vê-se logo que não se trata de vontade de mandar umas gargalhadas mas sim precaver efeitos eleitorais, ou então querer ser convencido que o GF é um eunuco político, o que já logrou o V. Exª provar que não acontece.

Se a sua proposta é censura, não acredito, mas é censurável na medida em que proprõe um momento de humor já visto.

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