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No tocante a formas de governo, a minha posição caracteriza-se por um convicto je-m'en-foutisme. Vivendo em República, não me ocorre mexer uma palha para restaurar a Monarquia; da mesma forma se vivesse em Monarquia não m'alembraria promover a implantação da República. Conquanto o conteúdo democrático e liberal do sistema político esteja garantido, a forma de governo pouco me interessa.
Não obstante esta indiferença de princípio, interessam-me reflexões como esta do republicano Rui Albuquerque sobre os benefícios da monarquia constitucional para o Portugal contemporâneo. Tenho dúvidas de que se trate de um ovo de Colombo: não vejo que a monarquia, instituição tradicional e orgânica por excelência, possa ressuscitar após um hiato de cem anos.
Mas partilho do objectivo que orienta a busca de Rui Albuquerque: o de ajudar a República a sair dela própria; o de arrancar o regime democrático português do estado de ensimesmamento em que se tem vindo a atolar legislatura após legislatura; o de forçar o sistema político a olhar para além do seu umbigo de São Bento e a respirar para além dos partidos e dos ciclos eleitorais. Conquanto o conteúdo democrático e liberal do sistema político esteja garantido, a forma de governo pouco me interessa. Mas quando o conteúdo democrático e liberal do sistema político dá sinais de se alterar, é prudente verificar se a embalagem que o enforma ainda se encontra em boas condições. Institutions matter.