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pelo sim, pelo não - posts sobre o aborto [3 de 4]

por Alexandre Borges, em 09.02.07
Ao longo do debate que hoje termina, estendido das televisões à blogosfera, dos políticos e figuras públicas aos mais perfeitos anónimos nas caixas de comentários, por cada dia que passou, menos se ouviu o que dizia o outro lado. Muita gente se comportou como estando de tal modo certa da sua opção que não se percebeu por que insistiu em levá-la à discussão. Se a contenda fosse justa, honesta, se os dois lados se ouvissem e estivessem verdadeiramente preocupados em esclarecer-se e esclarecer alguém, dificilmente não se entenderiam as razões do “adversário”. Porque há, parece-me evidente, motivações muito sólidas em ambas as partes. Por isso, uma tomada de posição deveria ser algo difícil e ponderado.
Mas a maior parte desta discussão tornou-se um mero número de equilibrismo, uma diversão exibicionista, uma “Bancada Central” com adeptos de dois grandes em vez de três. Muitos dos intervenientes comportaram-se para a assistência, como se estivessem ainda no pátio da escola mostrando os seus truques, a sua liderança, às meninas sentadas nos degraus, no intervalo grande da manhã. Trabalhou-se, afincadamente, para o espectáculo, para a audiência, para causar impressão, numa atitude a que servem múltiplas descrições: irresponsável, moralista, populista e, na verdade, pouquíssimo interessada em resolver o problema.