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ao fim da rua, ao fim do mundo

por Rodrigo Moita de Deus, em 13.07.09

1. Sou viciado na TSF. Oiço a TSF de manhã à noite. Conheço os blocos publicitários, os noticiários de meia hora de fim-de-semana. Conheço as crónicas do Bruno Nogueira, o mais cedo ou mais tarde e o pessoal e transmissível. Conheço a grelha melhor que muita gente que lá trabalha. A TSF é um óptimo produto. Desde o princípio. Um produto que se soube actualizar. Melhorando ainda mais quando mudou o registo musical. Mérito de quem fundou a TSF, mérito de quem lá está e mérito, também, e inevitavelmente, deste director.

2. Ter sido assessor deste ou de outro partido não tem mal nenhum. Eu também trabalhei no grupo parlamentar do PSD e nunca me inibi de escrever fosse o que fosse. Há mesmo quem diga que, noutros tempos e noutras casas, fui excessivamente agressivo com o Primeiro-Ministro Santana Lopes. Azar. Não vou a vereador.

3. Sempre que algum jornalista me fala de “isenção” ou “rigor” fico desconfiado. Nunca acreditei que uma pessoa pudesse deixar de lado as suas convicções. Problema meu, estou certo. Nos meus tempos de jornalista não o consegui fazer. E a verdade é que  a história recente da comunicação social em Portugal está cheia de grandes jornalistas que ficaram conhecidos pelo seu estilo afirmativo, opinativo e ideologicamente marcado. José Saramago, Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão, Emídio Rangel ou Paulo Portas. Todos eles desempenharam cargos de direcção. Todos eles marcaram a agenda. Nenhum deles era isento.

4. Pressões há muitas. Sempre. Que a TSF seja pressionada pelo gabinete do Primeiro-Ministro é normal. O assessor que liga para o director da TSF está a fazer o seu trabalho. O director da TSF que atende o assessor também. Uma vezes o director terá razão outras o assessor. Eu pressiono gente todos os dias. E todos dias me pressionam a mim. Não me queixo. Não me posso queixar. É a vida. A questão não é a pressão mas as armas com que a exercemos. Falta fair-play e respeito.

5. Também não acredito que alguém possa ser director e depois não dirigir. Um director dirige. Marca a linha, o registo e o produto. E para isso tem que escolhe uns, abdica de outros e joga com o protagonismo de todos.

6. Dito isto, Paulo Baldaia está a fazer o seu trabalho. Está a ser chefe. A dirigir. A marcar a linha editorial que quer para o seu produto. Que dispense a sua editora de política a poucos meses das eleições é uma decisão polémica. Se é verdade que a jornalista se incompatibilizou com o primeiro-ministro então a decisão faz sentido. Como quer a Teresa Dias Mendes fazer o seu trabalho depois do Primeiro-Ministro (e o partido socialista) se recusarem a falar com ela?

7. Assim sendo, repito, Paulo Baldaia está a fazer o seu trabalho. Digo eu. Tomou uma decisão. Para o bem e para o mal. A única coisa que não faz sentido são as suas justificações.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De P Amorim a 14.07.2009 às 08:48

O mal está em que todos querem fingir que são "isentos". São os jornalistas, os "politólogos", os comentadores, até os articulistas de opinião.
Há um programa sobre futebol, creio que na SIC notícias ou na RTPN, em que o respectivo anúncio se faz pondo os protagonistas a lançar bolas vestindo a camisola do clube da sua preferência. Assim fica tudo claro. Uma pessoa não fica burra ou incapaz se declarar as suas inclinações, pelo contrário, quando as esconde e são descobertas, puxa-se o fio e descobrem-se objectivos camuflados.

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