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A eleição de Jerzy Buzek, o democrata-cristão polaco herói anti-comunista, é ao mesmo tempo um símbolo e um dado a ter em conta.
O símbolismo é óbvio. Cinco anos após a integração da maioria dos ex-países de Leste, a Europa integra-os efectivamente, incorporando a sua História e a sua memória. Já não se pode falar desta Europa como se fosse apenas a reconciliação do pós- IIª Guerra. A Europa de agora é também a Europa que passou mais de 40 anos sob domínio comunista soviético. Essa História agora é nossa também. A ideia é comprendê-la e não fazer de conta que nada se passou.
O dado a ter em conta é menos referido mas talvez mais consequente. Cinco anos passados a Polónia assume na Europa o papel que a História, a geografia e a demografia lhe permitem (apesar da economia). Quer partilhar poder e vai fazê-lo. Há dois anos e meio nem uma vice-presidência do Parlamento Europeu os alemães da CDU lhe deram. Agora ganhou a presidência aos italianos. Acontece que o que é bom para os, como nós, atlantistas e maioritariamente católicos polacos, não é necessariamente bom para Portugal. Esta nova Europa é mais continental, e isso tem consequências. Na distribuição dos fundos, claro, mas não só. Nas esratégias, nas prioridades, nas políticas. A Europa de que hoje fazemos parte é diferente, tem o centro mais distante de nós. Se não quisermos ser mais periféricos, temos de lutar pelos nossos interesses (desde que saibamos quais são).
A eleição de Jerzy Buzek é uma boa notícia porque traz a integração plena da metade da Europa que faltava, mas também é o anúncio de que o eixo da Europa se deslocou e isso implica repensarmos a estratégia portuguesa em Bruxelas.