Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Geração Quê?

por Francisco Mendes da Silva, em 12.02.07

Eu percebo que o Bernardo Pires de Lima tenha ficado satisfeito com o resultado do referendo. Mas nada justifica a conclusão abusiva - fruto do seu incontrolável optimismo liberal - de que há toda uma geração, orfã de representatividade partidária, que "quer ser dona da sua vida privada"

A maioria das pessoas da "geração" de que o Bernardo fala quer apenas o que todas as outras quiseram e quererão: identificação com os valores maioritários e "correctos" do seu tempo, integração no grupo e exteriorização (nos costumes, na roupa, no apetrechamento tecnológico, na "ideologia" professada) da ideia vigente de "modernidade".

É óbvio que a geração mais nova (aquela que, não por acaso, é o alvo preferencial da publicidade - que juveniliza e infantiliza cada vez mais todos os produtos, toda a realidade, todos os horários) votou conforme o progressismo acrítico que é o espírito do tempo. Só que, para sua desilusão, o espírito do tempo nada tem a ver com o do Bernardo. Até parece que não os vemos na rua e na Universidade. O que a "geração" mitificada pelo Bernardo quer é o colo seguro do estado, um contrato de trabalho eterno, trezentos contos até ao fim da vida, culpar os americanos pela desgraça do dia e encher a boca de proclamações vazias.   


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Sem imagem de perfil

De fbarragao a 18.02.2007 às 20:29

Caríssima Ana (creio não ser necessário mencionar o G),

Percebo a sua reclamação relativamente a uma "direita" mais "liberal". Hayek (é mesmo com "k ") é uma referência interessante. Gostaria, porém, de recordar que Burke , o pai do conservadorismo moderno, era "whig " (liberal, portanto). Por vezes, até os paladinos da mudança temem coisas que vão longe demais, depressa demais.
E depois, que fazer com dois em cada cinco portugueses? Foi a quantidade de gente que votou no Não. Como Caminhante pela Vida, vi por lá imensa gente nova. Futuros eleitores. Acho prudente não lhes cercear um futuro programa político com uma ou outra causa conservadora. Afinal de contas, ainda aqui estamos e a tomada da Bastilha já foi há muito tempo.
Compreendo que a liberdade individual é um valor a preservar. Mas pense nisto: deve a lei encorajar a virtude (por assim dizer) ou apaparicar os caprichos? Desejo leis que tenham autoridade ética para dizer ao cidadão que deve ser punido caso cometa um crime (e os crimes, normalmente, começam por ser "pecados" ou acções pouco decentes). Caso contrário, se o que é ou não crime é com o próprio, qualquer coisa pode ser admissível. Em última análise, até a pedofilia. "Apeteceu-lhes", está a ver?
É esse o desafio: como casar liberdade com virtude? Liberdade sem virtude é libertinagem; virtude sem liberdade é tirania. Saibamos, pois, ser mais livres porque mais responsáveis. Se bem se recorda, a geração Woodstock também só fazia o que lhe dava na gana para chatear a moral tradicional. Deu no que deu. Até porque, se os liberais quiserem fazer algo neste país, terão de vir aliados aos conservadores. Já cá estávamos, e seremos bons anfitriões. Agora, que jamais se diga que todas as escolhas valem o mesmo ou merecem o mesmo respeito. Relativizar valores não é próprio de direitistas.

Esperando feedback da sua parte, e louvando a sua frontalidade e convicção,

Cordialmente,
Fernando Barragão.

Comentar post