31 da Armada

Fico a saber que o Pedro Picoito considera António Preto ou Helena Lopes da Costa figuras nacionais. E a sua inclusão na lista como uma vitória do “partido Nacional” sobre o “partido autárquico”. Ainda que o dito partido autárquico tenha sido o primeiro a protestar com a sua presença.

Percebo. O Pedro Picoito está a fazer eco das palavras de Aguiar Branco e da tese oficial. E aprecio o exercício de lealdade. O filme é engraçado e reconheço o autor do guião. Fez pelo menos o favor de evitar a palavra “renovação”.

Deixemos o filme da marcha heróica contra os “barões das distritais” e veja-se a proposta que o PSD apresenta aos seus eleitores.

Se Manuela Ferreira Leite quisesse realmente mudar o partido teria feito questão de ter Alexandre Relvas nas listas. Teria ido buscar a Ana Margarida Craveiro, o Alexandre Homem de Cristo, o Miguel Morgado ou o Luciano Amaral. Teria incluído o Paulo Marcelo e o próprio Pedro Picoito na lista. E tantos outros. Tudo sangue “novo” que, de uma maneira ou de outra, tem colaborado com o partido na definição das suas bases programáticas. Tudo sangue “novo” que, incompreensivelmente, fica de fora. E não foi para dar lugares ao “partido autárquico”. 

É claro que nem tudo são más notícias. O Carlos Lopes já fez questão de lembrar os nomes de José Ferreira Gomes ou de Pedro Saraiva. Acrescento Teresa Morais. Que lembro como uma das melhores deputadas dos tempos de Durão Barroso. E há outros, claro.  

Mas ao contrário do filme "pacheco pereira" ontem à noite houve mesmo uma vitória do aparelho. Aquele aparelho que é do tempo em que a expressão foi inventada.

Depois das europeias esta era uma oportunidade única. A mesma coragem, a mesma vontade que o Pedro Picoito agora invoca, podia ter sido usada para realmente mudar qualquer coisa. A mesma coragem podia ter sido usada para abrir caminho. A mesma coragem podia ser usada para confiar em gente nova em ideias novas. Mas não confiou. Podia ter, de facto, aproveitado o material programático e humano que saiu do Instituto Sá Carneiro e mesmo do Construir Ideias. Sangue novo, gente nova, soluções novas. Sobretudo isso: soluções novas. 

Tantas horas, tantas linhas e no fim…Couto dos Santos.