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Estamos a cair 3,7%..... tudo o resto é mentira

por Manuel Castelo-Branco, em 13.08.09

Ainda sem conhecer os detalhes dos últimos dados apresentados pelo Governo relativamente ao crescimento do PIB, há que desmistificar algumas afirmações:

  • O ( erradamente chamado)  "crescimento" trimestral de 0,3% significa antes uma queda anual de 3,7%. O que aconteceu foi um decrescimento menor da economia no 2º trimestre face ao 1º . A quebra abrupta, estabilizou, mas continuamos a cair em termos anuais. Ou seja estamos quase 4% mais pobres daquilo que estávamos no mesmo trimestre do ano passado;

  • Este crescimento surpreendente, na prática é uma correcção técnica a um movimento de queda abrupto recente.  Grandes quebras têm muitas vezes como consequências correcções também elas significativas;
  • Por efeitos de sazonalidade, o 2º trimestre é sempre mais favorável para a economia do que o 1º trimestre. Nos últimos 10 anos, a taxa de variação trimestral foi sempre superior relativamente à do 1º trimestre. O 3º trimestre terá muito provavelmente uma taxa  trimestral negativa ( again);

  • Sem ainda ter os dados detalhados, imagino que estes valores foram possíveis por um decrescimento acentuado das importações e alguma estabilização do consumo privado. Seria importante ver o que aconteceu com o investimento e exportações. Esperamos ansiosamente pelos dados.

 

O Eng. Sócrates, parece estar fechado, enclausurado, não sai à rua. Imagino que hoje, aparecerá todo bem disposto a reclamar  que agora o caminho só poderá ser positivo para Portugal e para os Portugueses, que as politicas do Governo estavam correctas e que ( quem sabe vitimizando-se) a crise foi uma cabala.

 

 

PS No mesmo site do INE vejo que os custos laborais cresceram 4,7% quando comparados com o mesmo trimestre do ano passado. Isto é resultado de mais uma politica irresponsável do Governo Socialista - quando os tempos eram de crise profunda, quando as empresas já passavam dificuldades, quando havia certezas que era preciso controlar o deficit - o governo aumentou os funcionários públicos em 3% tendo este aumento um efeito de inércia sobre o sector publico estatal e posteriormente sobre as empresas. Se tínhamos já um problema de competitividade, este foi substancialmente agradado, dificultando o investimento privado e a criação de emprego por parte das nossas PME´s.

 


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De Carlos G. Pinto a 13.08.2009 às 14:08


Contagem decrescente para um post de 10,000 palavras do Carlos Santos. 10, 9,...
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De daniel a 13.08.2009 às 14:10


Estou de acordo que o enfoque na taxa em cadeia de 0.3% é enganador: é um ponto de inflexão, estamos a decrescer menos que no trimestre anterior mas continuamos de facto a cair e bastante.

No entanto, as questões de sazonalidade que refere não deveriam ser relevantes. A estimativa rápida do PIB - à semelhança das Contas Nacionais Trimestrais - é corrigida de sazonalidade.
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De na cê qué iste qué tenhe a 13.08.2009 às 14:22

Restauremoa a monarquia, fica o problema resolvido.
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De Tarzan a 13.08.2009 às 14:38

Nos dados que tenho do INE aqui (milhões de Euros a preços de 2000) tenho que a média dos crescimentos mensais do PIB nos últimos 10 anos (1999-III a 2009-II) foram:

1º Trim: 0,4%
2ºTrim: 0,4%
3ºTrim: 0,1%
4º Trim: 0,0%

Não há nenhum efeito de subida do 1º para o 2º trimestre. Mas há, de facto uma descida do 2º para o 3º.

No entanto, se se fizer uma análise do efeito de sazonalidade da série para igual período a conclusão é a de que esta não é estatísticamente significativa que é o mesmo que dizer que, na prática não existe.

De resto, concordo que falar de crescimento é ridículo sob qualquer perspectiva que se diga séria.
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De Tarzan a 13.08.2009 às 14:52

No primeiro parágrafo, onde se lê "média dos crescimentos mensais" deve ler-se "trimestrais".
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De Manuel Castelo-Branco a 13.08.2009 às 18:12

Meu caro Tarzan e Daniel.

De facto ambos têm razão se consideram os crescimentos trimestrais já sem sazonalidade.
No entanto se olharmos para o PIB em valores constantes a 2000, o 2º trimestre é sempre melhor que o 1º. Da mesma forma o 3º trim é pior que o 2º e o 4º trim é tradicionalmente o melhor trimestre do ano. De facto induzi em erro na forma como o escrevi, mas estava a referir-me a algo diferente.
Obrigado pelo comentário.
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De zulu a 13.08.2009 às 15:00

Apareceu nos três jornais em directo. Felizmente a dois estava a com a mira técnica a funcionar, senão tinha que desligar o televisor. É na realidade impressionante como se fazem conferências de imprensa por causa de três décimas. Está tudo louco. E já agora, eu acredito mais em uma, mais uma grande mascaração dos números, erro técnico hão-de explicar mais tarde. Verifeiquei as séries trimestrais desde 96 até hoje, e não há registo de decrescimento do segundo para o terceiro trimestre. Isto por si só deveria por alguma fervura nas análises. Aliás julgo ser o menor crescimento desde essa data.
A 5 à SEC já deve ter a bandeira limpa à muito tempo, faltam os termos da troca, né?
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De L M D a 13.08.2009 às 15:01

Talvez seja da conveniencia de certos grupos que estes numeros (fraquinhos é certo) devam ser rasgados e substituidos por numeros mais negativos.
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De daniel a 13.08.2009 às 15:15


Já agora, após uma rápida busca no histórico, o segundo trimestre foi menos favorável que o primeiro nos seguintes anos: 1998, 1999, 2000, 2002, 2003, 2006, 2007 e 2008.
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De Tarzan a 13.08.2009 às 16:23

Esses dados são os do INE a preços de 2000?

É que nesses,entre 1995 e 2009, o segundo trimestre só é pior que o primeiro no ano de 2000.
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De edobasilio a 13.08.2009 às 16:25

Oh Castelo Branco. Esqueci o traço. Deve ser mesmo o traço, que lhe toldou o discernimento. Não é economista pela certa. Mas já vi que para si nada mudou. Mas para os portugueses, a malta que trabalha, investe e produz riqueza, vulgo trablhadores e empresários, é muito importante a inversão da queda do crescimento económico. Decrescemos em relação  ao mês homólogo. Mas já agora diga-me quem não decresceu? Portanto, ò que aconteceu é mesmo muito importante. Ou será que não o é para Portugal, só porque é o Sócrates o 1º ministro e já o é para a Alemanha e a França porque não é o Sócrates. A cegueira partidária e ideológica prende-lhe os neurónios.
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De Manuel Castelo-Branco a 13.08.2009 às 17:30

Ó Basilio - você parece ter alguns complexos sociais que convinha resolver. Não sabia que o traço o incomodava. Os seus comentários tornam-se por isso mt azedos
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De João Afonso Machado a 13.08.2009 às 17:04

É evidente que as contas estão todas aldrabadas. Todo o País está aldrabado. E para que ninguém repare - muito pão e circo. As Comemorações de 2010 serão um próximo passo. Enquanto demorarem os festejos não nos ocorrerá lembrar a incompetencia destes governantes.
A não ser, é claro, os desempregados e os mais directamente atingidos pela infelicidade. Mas esses ainda não são a maioria.
Deixemos o Governo e a sua maioria. Mais depressa lhe tiraremos os argumentos de mentira.
Depois pode ser que surja alguém decente e competente. Isto é: um milagre
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De Martim a 13.08.2009 às 18:55


Caro Manuel, os sinais são mesmo positivos. É que, pelo menos na zona euro, esperava-se um segundo trimestre ainda mais negativo. Daí o crescimento de 0,3% na França, Alemanha, portugal e grécia ser,afinal, uma boa surpresa. Outros países como a Holanda e a Bélgica continuaram a cair. Veja, por favor, o insuspeito Financial Times, que refere especificamente Portugal. http://www.ft.com/cms/s/0/4ed29388-87dd-11de-82e4-00144feabdc0.html (http://www.ft.com/cms/s/0/4ed29388-87dd-11de-82e4-00144feabdc0.html).
Claro que não se pode fazer alarido, nem se deve proclamar o que quer que seja com base em números tão tímidos. Deve esperar-se prudentemente e não dar sinais errados. Mas deve acalentar-se alguma esperança.

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