De Viriato a 13.08.2009 às 22:19
Já agora, devolveram a bela bandeira d'el Rei?
De Mario a 14.08.2009 às 00:20
Meus caros compatriotas monárquicos: referendar a Monarquia é uma estupidez, tal como qualquer Rei acharia uma estupidez referendar a República. Mas se querem realmente continuar por aí, têm duas hipóteses que têm a vantagem de nos poupar a todos a palhaçadas destas:
1. Convencer o D. Duarte a candidatar-se à Presidência da República (se por acaso ganhar, até se pode começar a questionar o regime que temos)
2. Fazer campanha pelo PPM para as próximas legislativas (e esperar que o PPM arranje 2/3 da Assembleia da República para poder fazer uma revisão constitucional - se é que é possivel)
Agora, andar a chatear a malta com infantilidades destas por não terem tomates para avançar com uma das ideias acima (consultando o Povo português) é que é escusado…
Cumprimentos
De Ricardo a 14.08.2009 às 03:10
Meu caro Mario, não sabe que nos paises monarquicos exemplares, há sistematicamente referendos sobre a continuidade do regime monarquico?? Por exemplo ha pouco tempo referendaram os australianos e canadianos sobre se querem monarquia ou republica, e como o povo é inteligente deram com maioria absoluta a monarquia e a continuação da partilha da sua Chefe de Estado a Rainha de Inglaterra, agora diga me, como é que podem dizer que não existe democracia em Monarquia quando é o povo a decidir o regime ao contrario da Republica.
De Carlos Costa Rodrigues a 14.08.2009 às 10:30
Não me parece, que pessoas que votam a favor de uma monarquia sejam mais inteligentes, daquelas que votam numa república. Parece-me errado (e é de facto!) obter este tipo de conclusões. A velha questão de que não foi o povo português a escolher a república, parece-me também, um pouco obtusa, tendo em conta que em 1910 a questão das votações, eleições e demais referendos não se colocava. E não se colocava, a mentalidade social na altura era completamente diferente. Não votavam os negros, nem as mulheres, nem o povo em geral, estando salvaguardo esse direito a alguns ilustres. E se ao Povo português só foi permitido votar livremente depois da Revolução de Abril, todas as questões decididas até então deveriam ser anuladas e submetidas a votação popular. Até mesmo aquelas decisões que colocam a figura do pretendente ao trono de Portugal como figura de estado, vivendo nós numa República.
E no seguimento, concordo com o comentário do Mário. Se de facto existe uma franja de pessoas, que quer o regime Monárquico, pois bem, têm bom remédio... podem começar com uma iniciativa legislativa de cidadãos e submeter-se às regras entretanto implementadas e tentar mudar o regime actual. Da mesma forma que outras questões, de outros regimes têm esse direito.
E caso houvesse essa consulta popular, votaria pelo regime republicano. E não seria por esse motivo, que me iria considerar mais burro, que um qualquer australiano ou canadiano, que tenha votado a favor da Rainha de Inglaterra.
Ps. Não me lembro de ter estudado, que os Portugueses tenham escolhido viver numa monarquia aquando da implementação de Portugal como País. Ou a história pode diferir na sua escolha entre 1910 e 1143?
De A. Machado a 14.08.2009 às 10:42
Não me lembro de ter estudado que existiam portugueses em 1142 e que já possuíam uma Constituição! (A existência de um Estado organizado com Lei / Constituição faz toda a diferença na apreciação que se faz).
De Carlos Costa Rodrigues a 14.08.2009 às 11:42
Como faz toda a diferença as constituições posteriores a 1910. A apreciação que faço apoia-se que a História só pode ser julgada por ela própria e aquilo que aqui se discute, é que a implementação da República em 1910 foi efectuada de maneira errada, não tendo sido perguntado aos portugueses de então, se queriam um regime monárquico ou não. Mas lá está, se nem toda a gente votava na altura e se não havia maneira de efectuar essa recolha de opinião, não se pode julgar com as regras de hoje, e com os pensamentos de hoje, aquilo que se passou naquela altura, porque as coisas são muito diferentes. Porque caso contrário teríamos que julgar a escravidão e o império português com as regras de hoje (direito internacional, liberdades e garantias, etc.) e chegaríamos a uma conclusão: crimes contra a humanidade.
Aquilo que aqui se discute, é uma corrente de opinião extremamente castradora de ideias, e quando se refere que "a existência de um Estado organizado com Lei/ Constituição" faz toda a diferença", fará com certeza, não só em 1910, mas também anteriormente, onde já existiam constituições e onde também poderia ter existido a abertura de consultar os portugueses na altura, se queriam continuar sobre um regime monárquico. E se vamos cair no erro, de julgar a história sob o pretexto das regras actuais, iremos cair no erro, de que ninguém perguntou aos portugueses se estes queriam ou não a "revolução dos cravos", ou se queriam ou não a continuação do Regime implantado pelo Dr. Salazar. O perigo deste tipo de intervenções, não passa pelo regresso da Monarquia, mas sim, que aos olhos das correntes sociais actuais, se essa escolha é permitida, as outras também o podem ser.
E de facto não existiam portugueses em 1142 como aprendeu. Mas existiram depois disso, e até 1910 ninguém lhes perguntou se queriam ser governados sobre um regime monárquico, onde alguns, só porque nasceram em determinadas famílias, teriam mais direitos que os outros. E caindo no seu erro, de julgar a história com as regras actuais, a monarquia portuguesa, após a revolução francesa e americana poderia ter feito uma consulta ao Povo. E assim, as questões que ficam são: será que naquele momento histórico faria sentido? Será que era a maneira de pensar na altura?
De A. Machado a 14.08.2009 às 12:41
No "meu erro de julgar a história com a regras actuais" ? Após a revolução francesa íamos fazer uma consulta popular, um referendo? Sob a égide de quem? Das Nações Unidas? :-))), Com os observadores da União Europeia? ...e eu é que estou "deslocada no tempo"...., pois secalhar no séc. XVIII os portugueses até já tinham tido o Magalhães e podíam votar electrónicamente!
De Carlos Costa Rodrigues a 14.08.2009 às 14:00
Já chegou, onde queria que chegasse. Em 1910 aconteceria o mesmo. Nem "Nações Unidas", nem "observadores da União Europeia". Não estará "deslocada no tempo", apenas perdida nos argumentos. Mas acho que finalmente percebeu, que aos portugueses de 1910 não se poderia perguntar se queriam uma república ou monarquia pelas razões que invocou no seu comentário. Afinal, não só são os australianos e os canadianos os inteligentes...
De A. Machado a 14.08.2009 às 14:08
Lapso seu...existia em 1910 uma Monarquia Parlamentar e eleições e até um partido Repúblicano. Existia um ordenamento jurídico e uma Constituição a respeitar. Compreende agora a diferença?
De Carlos Costa Rodrigues a 14.08.2009 às 15:19
O Partido Republicano foi fundado em 1876 e vigorava nessa altura, a carta constitucional de 1826, onde de destaca no poder legislativo, as Cortes, cujas decisões era aceites ou vetadas pelo Rei, sendo formadas pela Câmara dos Deputados e a Câmara dos Pares, sendo que: “Câmara dos Deputados era de base electiva e censitária.” “Câmara dos Pares era constituída por membros de direito próprio (príncipe real, infantes e pariato eclesiástico) e por um sistema misto de nomeação régia de 2/3 dos membros e 1/3 de membros eleitos em eleição indirecta por um período de 6 anos (1885 a 1895).” Destaca-se ainda, neste regime, o seguinte (a partir de 1852): A eleição dos Deputados era por sufrágio directo, por todos os cidadãos com o mínimo de 100 mil réis de renda, sendo que, para ser eleito Deputado, a exigência passa para o valor de 400 mil réis, sendo que em 1878, é considerado possuidor, de renda mínima para votar, todos os chefes de família e os alfabetizados. E a monarquia parlamentar começa a dar os seus primeiros passos em 1822, não sendo exclusiva de 1910, e se o Regime de então quisesse referendar a sua legitimidade poderia tê-lo feito durante esse período. Mas lá está, se o fizesse não era o Povo que votaria. Eram “alguns”. (e estou a criar este cenário, caindo no seu erro) E a grande diferença, e que se teima em não perceber, é que as regras políticas de 2009, não são as mesmas que eram em 1910, portanto acusar a implementação da República de não ter consultado o Povo, é um bocado tolo, porque se é possível perceber as divergências entre 1910 e os anos anteriores, também, e com toda a certeza, se perceberá, as grandes diferenças entre 2009 e 1910. E eu sempre percebi a diferença. Por esses lados é que denoto alguma confusão, até porque, aquando da independência de Portugal haviam “regras”, do Brasil “idem idem”, e antes do 25 de Abril de 1974 “aspas aspas” e não foi por isso, que esses acontecimentos deixaram de ter lugar. Uma constituição de 1826 não é mais forte, ou mais legítima, que as regras políticas e sociais de 1143, de 1822 ou de 1974.
De Mario a 14.08.2009 às 11:52
Caro Ricardo, tenho algumas observações ao que disse:
1. Esse prisma de observação faz do Reino Unido um país monárquico não exemplar. Curioso no mínimo.
2. Nunca são os reis a propôr os referendos, mas sim os governos.
2. Embora a Austrália tenha feito um referendo, o Canadá nunca fez nenhum sobre a monarquia.
3. Nos últimos 100 anos apenas encontrei registo de 8 referendos à monarquia:
Luxemburgo (1919, 62% pró-Mon.)
Itália (1946, 54 pró-Rep.)
Bulgaria (1946, 95 pró-Rep.)
Maldivas (1952, 93% pró-Rep.)
Gana (1960, 88% pró-Rep.)
África do Sul (1961, 53% pró-Rep.)
Grécia (1974, 69% pró-Rep.)
Albânia (1997, 64% pró-Rep.)
Austrália (1999, 55% pró-Mon.)
44 monarquias constitucionais actualmente
só duas delas fizeram referendo nos últimos 100 anos
Daqui se pode concluir algumas coisas: Pelo ponto de vista do Ricardo, não há muitas monarquias exemplares, e quando há, não lhes vale de muito que acabam por ser democraticamente substituídas por regimes republicanos. Dizer que há democracia na monarquia é inteiramente verdade, e com alguns exemplos de sucesso. Mas argumentar que as monarquias existentes no mundo são aprovadas pelos respectivos povos em urna e de forma democrática é uma mentira completa.
Povo que é inteligente vai pesquisar 2 vezes antes de confiar nos argumentos que vocês apresentam e os "factos" que vocês usam para justificar a monarquia, já se viu que é uma retórica baseada em mitos e pouco em verdades democraticas que vocês tanto defendem...
Cumprimentos
De Carlos Costa Rodrigues a 14.08.2009 às 14:05
Concordo em absoluto: "Povo que é inteligente vai pesquisar 2 vezes antes de confiar nos argumentos que vocês apresentam e os "factos" que vocês usam para justificar a monarquia, já se viu que é uma retórica baseada em mitos e pouco em verdades democraticas que vocês tanto defendem..."
E é disso que passa, não basta invocar argumentos, é preciso prová-los.