Jardim coloca-se ao lado de Ferreira Leite no "combate" ao Bloco Central e às "ramificações de certas sociedades secretas no interior do PSD"
Alberto João Jardim, farto das guerras internas no PSD nacional, colocou ontem os pontos nos is ao explicar, "pela primeira vez", as verdadeiras razões que levaram Manuela Ferreira Leite a "fazer uma limpeza" nas listas de candidatos às eleições legislativas de 27 de Setembro.
Sem papas na língua, e porque "até agora nenhuma alminha de Deus teve a coragem de o fazer publicamente", o líder madeirense resolveu quebrar o silêncio. Ou seja, "a dra. Ferreira Leite limpou todos os indivíduos que estavam ligados a sociedades secretas", em nome da "transparência do partido", uma decisão que Jardim apoia plenamente.
Mas quais indivíduos, Pedro Passos Coelho, por exemplo? E quais sociedades secretas? Maçonaria, Opus Dei? "Não falo em nomes", reiterou. Simplesmente são "indivíduos que estão ligados ao sistema numa perspectiva de bloco-centralismo e, portanto, foi essa presença de determinadas sociedades secretas dentro do PSD que a dra. Manuela Ferreira Leite está, neste momento, a combater".
As declarações recolhidas pelo DN no areal do Porto Santo, a ilha onde Jardim passa férias, acabam por revelar, neste aspecto, o seu total apoio à estratégia da líder nacional do PSD, embora reconheça a diferença de estilos pessoais. O político insular concorda, sobretudo, com a "vassourada" dada pela líder nacional, afastando certas figuras, uma situação que "nada tem a ver com cisões".
Até porque, lembrou, "foi a própria dra. Ferreira Leite quem foi buscar o dr. Pedro Santana Lopes e o seu grupo, com quem ideologicamente me identifico, para candidato à principal câmara do País. Isto é a demonstração de que há um espírito de unidade no partido. Mas foi preciso pôr contenção em indivíduos que têm afinidades com o funcionamento de certas sociedades secretas, as quais têm sido, até agora, o Bloco Central do regime, sustentando-o quer com governos PS quer com governos PSD. São essas sociedades secretas que fazem um Bloco Central de interesses e que na prática governam o País", referiu.
E porque se trata de um "acto de coragem" de Manuela Ferreira Leite, há muito defendido por Jardim, recebe a sua concordância, ficando claro que, por um lado, o PSD não irá embarcar em soluções de Bloco Central e, por outro lado, clarificar que "não irá ter ramificações com sociedades secretas", reiterou.