Não é bem assim, embora a minha família seja toda originária do Douro "para cima". A questão da ida para o Brasil, consiste num aspecto da nossa história que tem sido alvo das mais inacreditáveis interpretações, na sua maioria ditadas pelo desconhecimento da realidade política, económica e militar da Europa de então. Fizeram bem em transferir a capital para o Rio. A verdadeira questão a colocar, é "o que teria sucedido a Portugal se a Corte tivesse permanecido em Lisboa, caindo nas mãos de Bonaparte".
Como sabe, as instruções de Bonaparte a Junot eram sucintas .
1. Capturar a família real (decapitando a soberania).
2. Capturar a frota portuguesa, que na altura
era importante, dada a escassez de navios após a derrota de Trafalgar.
3. Tomar o tesouro público.
Junot nada disto obteve e assim, Napoleão não reservou a Portugal, aquilo que executou em Espanha: prisão dos Bourbon, entronização de José Bonaparte como mero fantoche.
Creio mesmo que a ida para o Brasil permitiu a plena restauração da independência, a integridade territorial e aliás, foi a derradeira vez em que Portugal se sentou à mesa das grandes potências: no Congresso de Viena.