31 da Armada

- Mas que raio de porra vem a ser esta? - Então está um homem a tentar passar pelas brasas numa mal passada e iniciada noite que foi aos ais de aflitos para ver se um homem verte e se alivia de qualquer coisita pois que o Agarlax já não anda a dar o efeito desejado de outros tempos e aparece um moinante a altas horas, qual alma penada a bater com quanta força tinha à porta como se de uma quinta se tratasse a chamar aos berros e perguntando pelo Crispim, com uma conversa tola e nervosa de que algo estava mal e era urgente, balbuciando sempre sem parar imperceptíveis palavrões foi-nos dizendo a mim e à minha Clotilde que coitada ainda não se tinha refeito das tenebrosas marteladas dadas pelo Ti Honório no penduricalho sinete que até acabaram por a fazer tombar da cama estatelando-se ao comprido com gemidos e berrando que nem uma parideira e que mais parecia a mulher do Nino Manfredi como actor no filme "Brutti sporchi e Cattivi" quando vê chegada a intrusa megera que o jagunço marido lhe introduziu na cama avisando-a que a partir daquela noite ela teria que contar com mais uma na cama e no barraco com já tanta indigência que até o buço abigodado da pobre criatura se retesou de suor gorduroso mais do que a conta, pobre da minha Clotilde. Entretanto a tresmalhada alma penada trazia a notícia de que ou tinham posto ou aparecido uma cabeça de cavalo na cama da dona Felismina, vindo-se a saber que era nem mais que a da estátua de bronze de Dom José I ao Terreiro do Paço. Eu, Crispim reformado de ferreiro de cavalariça, não me deixei intimidar, enchi o peito d'ar, enxerguei a camisa de véspera de flanela que tresandava e pus-me ao caminho. Mais nauseabundo era o bafo que exalava aquela ave rara do Ti Honório, a Tinto Americano Murganhês, olhando-o bem vi escorrer-lhe ainda pelos beiços o maldito do proibido vinho. - Oh homem mas que queres agora? – Sem conseguir dizer peva e bêbado que chegue no pão-nosso de cada dia, ali estava fitando-me aquela figura à minha frente e igual a si próprio, enfezado, imundo, quase a esparramar-se ao comprido de tamanhas passadas nervosas que dava em todas as direcções o tão agitado homem. - Mas Oh homem dum raio, porra que vem a ser isto? (agarrando-o pela camiseta quase a dar-lhe um sopapo nas ventas) - hem, homem fala, desembucha estupor, - Nem me respondeu, quase me arrastou e caiu a seguir, rua das Mónicas acima que nem um tresloucado até à casa da mulher do Teodósio. - Quando lá chegámos o que vi? - Na cama da pobre mulher mais parecia haver a reedição de uma cena da vida de Calígula, encontrava-se nem mais que uma cabeça de cavalo bem caracterizada e envolta numa mixórdia que parecia ser ketchup ou polpa de tomate retardado da Sumolis ou coisa parecida e com alguma heráldica à mistura.
- Mas que viria a significar aquela mórbida cena de tamanho mau gosto? - Perguntei-me eu, Crispim.
- Não me digam que aquilo era obra dos rapazotes dos 31 da Armada que resolveram desta vez fazer uma viagem no tempo até ao Velho Império para dar um ar de sua graça. O meu mais velho, Asdrúbal sem que eu soubesse tinha-me seguido e como ele os conhece bem mandei-o ir chamar o Darth Vader para vir cá falar e haver-se comigo, claro que nenhum apareceu, e o não quis vir da praxe, mais parecia a do Solnado, também não quis saber, morto por chegar à cama estava eu. No outro dia lá estava a notícia a ser dada em 1ª mão pelo asceta de serviço a transmitir de que tinha havido mais uma brincadeira para testar a paciência do Ti António. - Pensei cá para comigo, que remédio vai ter ele de ter muita paciência mais uma vez para com esta malandragem. Afinal de contas não quererá ele ascender e ser o próximo inquilino ao Palacete do Largo do Rato, após conjecturável tombo da cadeira do velho amigo ti Zé, pois a coisa está tão tremida lá para aquelas bandas que alvitra-se de tudo um pouco: a de um homem desesperado à beira de um ataque de nervos; a de que já só anda a caldos dentro e fora de portas; a de que rei dos presuntos jamais e a partir de agora presunto só o meio sal da FAR do Continente, enfim pobre homem, quem o viu e quem o vê! Está feito num caco! Há quem diga que pelo andar da carruagem nem vai haver broas para ninguém e que o pagode vai ter que se conformar, não se sabe se por causa da suína gripe que por aí

-- Resto do conteúdo do texto anterior --

anda ou se a um conselho dado por um eloquente sábio e proeminente figura de arábico nome.

Mais respeito pelo novo hino do país. Força, vão para lá que eu depois vou lá ter.

A pura caracterização do português, naquela coisa ridícula a que chamam fado...