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Esta esquerda bafienta…

por Rui Crull Tabosa, em 24.08.09

Depois de décadas a defender o amor livre, a esquerda resolveu agora abraçar o mais serôdio conservadorismo ideológico.
Um bom exemplo do que se afirma é-nos oferecido pela lei que altera o regime das uniões de facto, agora vetado pelo Presidente da República.
Através desse diploma a esquerda defendia a aproximação do regime das uniões de facto ao regime jurídico do casamento, assim destruindo o carácter inovatório que, precisamente, permite diferenciar aquele instituto do matrimónio convencional.
Caso duas pessoas pretendam que a sua vida familiar se caracterize, designadamente por uma presunção da compropriedade de bens, bem como por uma regra de responsabilidade solidária por dívidas ou pela possibilidade de compensação de danos em caso de dissolução da união de facto, casam-se, não vivem em união de facto!
A esquerda esquece que quem vive em união de facto não se quer casar. Quer viver de uma forma livre, descomprometida com os deveres jurídicos que impendem sobre cônjuges.
Mas, ao mesmo tempo que a esquerda quer acabar objectivamente com as características que distinguem as uniões de facto do casamento, preconiza a facilitação da dissolução do casamento tradicional, como resultou da Lei n.º 61/2008, que, entre outras inovações, eliminou a violação dos deveres conjugais como razão possível para o pedido de divórcio.
A estratégia é clara mas o que não se percebe é a crítica dos nossos progressistas domésticos ao Presidente apenas porque este os obriga a ser … de esquerda!


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De JV a 24.08.2009 às 21:11

Em última análise, não faz sentido algum que exista o casamento. Nisso tem toda a razão. É nisso e no facto de que o casamento só difere da união de facto na medida em que é caro e burocrático.
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De Céptico a 25.08.2009 às 00:00

O casamento civil é um contrato de sociedade conjugal, que pressupõe direitos e deveres. Quem não quer contratualizar essa sociedade, não o faz, mas não pode querer os efeitos decorrentes do mesmo. É tão simples quanto isso.

Dizem que não querem papéis e taxas, então não esperem que o Estado tutele aquilo que não quiseram tutelado porque não estiveram para pagar taxas... e não me venham com tretas de que não faz sentido isto, ou aquilo... para a esmagadora maioria dos portugueses faz sentido.
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De JV a 25.08.2009 às 21:58

Essa argumentação é perfeitamente arrepiante. O que o Sr. propõe é a constituição de um Estado-mafioso, que para conceder protecção a uma unidade social de que precisa para sobreviver só exige, à siciliana, a taxa de protecção. Não faz o mínimo sentido. A união de facto é uma contratualização fáctica da união entre duas pessoas*. É auto-evidente, sendo inválida a argumentação «ad vulgum» de que «para a maioria das pessoas pagar essa taxa faz sentido». Tempos houve em que para a maioria das pessoas fez sentido o absolutismo régio e a inquisição. A justiça das proposições avalia-se pela sua Justiça interna, não pelo número de apoiantes que tem. E esta não tem: é tão-só a defesa de uma forma de exacção estatal inútil.


*Isto pode ser uma verdade de LaPalisse, mas para muita gente é preciso reconstruir o real a partir do zero para que o compreendam.

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