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Telemarketing e Saúde I

por João Moreira Pinto, em 27.08.09
Podemos continuar a discutir o que correu mal no contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa que gere a Saúde 24, mas o erro está muito antes disso. Este governa achou que podia resolver o problema da afluência aos serviços de urgência com um telefonema. Foi o maior erro da legislatura. Passo a explicar porquê.
 
A linha Saúde 24 existe muito tempo antes da pandemia da gripe A. Os sinais de que não funcionava no atendimento médico foram mais que óbvios, desde o início. Quiseram aplicar os princípios do telemarketing à saúde. Claro, que não podia correr bem.
 
A aventura já aconteceu a todos. Ligar vezes sem conta para um operador de telemóveis ou de internet e atender sempre alguém diferente do outro lado. Esse alguém nunca sabe do histórico das conversas anteriores e, não conseguindo resolver o problema, por causa de um fax não-se-o-quê, uma conexão que não dá agora, um certificado e tal, 'chuta' para um outro dia, altura em que a saga recomeçará do ponto zero. São estas experiências que o utente não aguenta em caso de doença.
 
Mesmo que no primeiro dia, depois de horas à espera na linha da Saúde 24, o convençam de que é uma gripe, que deve ficar em casa a tomar paracetamol e fazer nebulizações com soro. No dia seguinte, se continua com febre ou se sente pior, corre directo ao centro de saúde  ou ao hospital. E, conhecendo a nossa população, diria até que corre directamente ao hospital central, à 'fonte limpa', onde poderão fazer o 'teste da gripe'. joaompinto