Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Explica-nos a Filipa “que Cavaco nos diz é que, não equiparando ‘uniões de facto’ a ‘casamentos’, está-se a dar mais liberdade aos cidadãos, uma vez que quem opta por não se casar não quer ter as mesmas responsabilidades/direitos daqueles que se casam.” Ela diz que percebe a ideia, curiosamente eu também. O pior é que a Filipa teme que a ideia, que ela percebe e eu também, tenha água no bico. Diz então a Filipa, “que as verdadeiras razões deste veto tenham mais que ver com um pensamento conservador, burguês e católico – próprio do século XIX – que punha a esposa no pedestal/altar e a amante na cama".
Foi nesta parte que me perdi. Não por causa do burguês, católico e conservador mas por ela achar mal, ou aparentemente não gostar, que o dito burguês, católico e conservador tenha posto a mulher num pedestal e a amante na cama. Não vejo onde está o mal, pode dar-se o caso de o burguês não o ser ou sendo-o ser pouco católico, ou mesmo não sendo nenhuma dessas coisas, ser apenas conservador e no entanto nenhuma destas pitorescas criaturas se lembrar de por a mulher noutro sítio que não num altar e sendo ela também amante na cama, o que dá uma imagem um pouco caricata que é a do marido tirar a mulher do altar para a por na cama. Vamos pensar que a mulher e a amante não podem (e não sei porquê) ser a mesma pessoa mas duas, como é óbvio até podem estar as duas na cama, mas sendo um burguês, católico e conservador dificilmente a coisa lá vai na mesma cama. Tiremos o conservador e o católico, fica o burguês para inveja do resto das gentes, que vão ter de gastar dinheiro em duas camas.
Certo é que até para essas estranhas criaturas se a mulher estiver num pedestal ou altar (coisa que boa parte das mulheres faz questão que se construa durante o namoro) alguém tem que ir para à cama, se não for a mesma, será outra.
Não há hipocrisia nenhuma, muito menos quanto às uniões de facto, estranho será que se queira equiparar em que medida for aqueles que optaram por não carregar com os deveres e direitos de um casamento ao lombo.
Sei bem que temos no campo das uniões de facto diversas realidades, algumas que não estão previstas e já deviam estar, outras que nem serão verdadeiras uniões de facto no sentido em que se tratam de amizades que o destino e as necessidades levaram a uma coabitação. Só que são assuntos diferentes, a hipocrisia reside em fingir que com esta lei se aproximavam realidades que nasceram da necessidade da diferença e como se isso levasse a maior igualdade. A questão deve ser resolvida com o Estado a meter-se menos nisto e muito menos meter-se desta maneira desta maneira. Quando digo Estado não estou a falar de Cavaco.